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A ALTA DO DÓLAR
Há todo um conjunto de explicações técnicas para a contínua alta do
dólar, que, ontem, voltou a disparar,
para terminar o dia cotado a R$ 2,15.
Para resumir, o que está em funcionamento é a mais pura lei da oferta e
da procura. Ou seja, não entram dólares ou porque não são renovadas as
linhas de crédito para empresas brasileiras ou porque as exportações
-beneficiadas pela desvalorização
do real- ainda não ganharam suficiente impulso. E saem dólares porque empresas brasileiras têm dívidas
vencendo no exterior.
Se há, portanto, mais procura que
oferta pela moeda norte-americana,
o preço sobe, inexoravelmente.
Mas explicações técnicas não bastam para dissipar o aspecto psicológico fortemente negativo provocado
pela subida do dólar -e é sabido que
aspectos psicológicos acabam desempenhando papel importante, às
vezes decisivo, no comportamento
dos agentes econômicos e sociais.
Afora o aspecto psicológico, há
também o fato de que o valor da
moeda norte-americana influi diretamente sobre um conjunto de preços -os de produtos importados-,
o que empurra para cima igualmente
a expectativa de inflação.
Por isso tudo, esperava-se que o
Banco Central interviesse mais decididamente no mercado, como o fez,
de alguma maneira, na semana passada. Não que se possa alimentar a
ilusão de que o BC tem poderes
(além de reservas) suficientes para
devolver a cotação do dólar a um suposto patamar de equilíbrio.
O que poderia provocar uma queda
nas cotações seria a recuperação pelo menos relativa da credibilidade do
país, o que, por sua vez, passa por
um conjunto de fatores, que vão do
fechamento do acordo com o FMI até
o início de um ajuste fiscal que seja
considerado suficiente.
O BC não pode, acreditam muitos,
ficar apenas observando e esperando
que se dêem condições mais favoráveis, sob pena de a credibilidade se
deteriorar demais, o que tornará ainda mais difícil recuperá-la.
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