São Paulo, Terça-feira, 02 de Março de 1999
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A ALTA DO DÓLAR

Há todo um conjunto de explicações técnicas para a contínua alta do dólar, que, ontem, voltou a disparar, para terminar o dia cotado a R$ 2,15.
Para resumir, o que está em funcionamento é a mais pura lei da oferta e da procura. Ou seja, não entram dólares ou porque não são renovadas as linhas de crédito para empresas brasileiras ou porque as exportações -beneficiadas pela desvalorização do real- ainda não ganharam suficiente impulso. E saem dólares porque empresas brasileiras têm dívidas vencendo no exterior.
Se há, portanto, mais procura que oferta pela moeda norte-americana, o preço sobe, inexoravelmente.
Mas explicações técnicas não bastam para dissipar o aspecto psicológico fortemente negativo provocado pela subida do dólar -e é sabido que aspectos psicológicos acabam desempenhando papel importante, às vezes decisivo, no comportamento dos agentes econômicos e sociais.
Afora o aspecto psicológico, há também o fato de que o valor da moeda norte-americana influi diretamente sobre um conjunto de preços -os de produtos importados-, o que empurra para cima igualmente a expectativa de inflação.
Por isso tudo, esperava-se que o Banco Central interviesse mais decididamente no mercado, como o fez, de alguma maneira, na semana passada. Não que se possa alimentar a ilusão de que o BC tem poderes (além de reservas) suficientes para devolver a cotação do dólar a um suposto patamar de equilíbrio.
O que poderia provocar uma queda nas cotações seria a recuperação pelo menos relativa da credibilidade do país, o que, por sua vez, passa por um conjunto de fatores, que vão do fechamento do acordo com o FMI até o início de um ajuste fiscal que seja considerado suficiente.
O BC não pode, acreditam muitos, ficar apenas observando e esperando que se dêem condições mais favoráveis, sob pena de a credibilidade se deteriorar demais, o que tornará ainda mais difícil recuperá-la.


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