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CEDO PARA COMEMORAR
Lideranças do governo Luiz
Inácio Lula da Silva festejam a
melhora de indicadores financeiros
relacionados ao Brasil. Não se cansam de atribuir o fato aos sinais de
austeridade obsessivamente transmitidos pelo governismo.
Comemora-se a obtenção de um
superávit primário (receitas do setor
público descontadas as despesas,
sem contar os juros) no primeiro bimestre mais que suficiente para
cumprir a meta acertada com o FMI
para os primeiros três meses do ano.
E há quem sustente, no Executivo,
que a receita funcionou "tão bem"
que o melhor que Lula e seus assessores teriam a fazer seria dobrar a
aposta: manter a política monetária
restrita e aumentar ainda mais o superávit fiscal primário.
Cumpre lembrar que, se houve um
razoável desanuviamento de curto
prazo no terreno financeiro, as expectativas sobre o desempenho das
forças produtivas continuam a deteriorar-se. Muitos analistas, secundados por agências oficiais como o
Banco Central, estão revendo para
baixo as previsões de crescimento
econômico para este ano.
Com exceção de alguns setores que
não têm capacidade de liderar um
crescimento expressivo da renda no
Brasil, a situação das empresas instaladas no país é preocupante. Desde o
ano passado são forçadas a buscar o
desendividamento rápido. Sacrificam-se o nível de emprego e os investimentos, o que acaba por repercutir
negativamente no consumo. Com
menos receita, a situação das empresas tende a agravar-se ainda mais.
Esse tipo de espiral recessiva costuma ser combatido nos países desenvolvidos -basta notar o que ocorre,
agora, nos EUA, na Europa e no Japão- com diminuição dos juros e
aumento do gasto público. Áulicos
do governismo petista hoje festejam
a sua própria aprovação, "cum laude", no teste da ortodoxia econômica. Mas a retração do gasto público,
aliada aos juros asfixiantes, num
momento como este não fornece nenhum motivo para regozijo a não ser
a quem continua a auferir grandes
lucros emprestando dinheiro para o
governo, cuja dívida, apesar do superávit recorde, voltou a crescer.
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