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São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2003

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CRÍTICA SAUDÁVEL

Os questionamentos até que demoraram para chegar, mas agora alguns dos melhores jornais dos EUA já criticam abertamente o plano militar para a invasão do Iraque. A principal falha, apontam especialistas, foi ter subestimado a resistência iraquiana e, confiando demais na superioridade tecnológica, ter enviado poucos soldados à região do golfo Pérsico.
O principal responsável pelo plano de guerra é o secretário de Defesa, Donald H. Rumsfeld, que vem sendo alvo de pesadas censuras, tanto da parte de especialistas em estratégia militar como de comandantes no campo de batalha. Para seus críticos, Rumsfeld superestima a vantagem tecnológica e acha que todas as guerras podem ser vencidas com bombardeios. Ele também teria querido economizar no deslocamento de tropas e agora o número insuficiente de homens seria a principal causa para o atraso na batalha por Bagdá.
Como ocorre em qualquer organização hierarquizada, as críticas podem facilmente descer ao nível da intriga. Há quem afirme que rusgas entre o secretário da Defesa e o chefe do Exército, o general Eric K. Shinseki, estão na base do erro de planejamento. Rumsfeld, por não gostar de Shinseki, teria planejado a guerra de modo a favorecer a ação da Força Aérea, da Marinha e dos Marines em detrimento do Exército.
Sejam quais forem as reais causas, o fato que parece agora inocultável é que o planejamento da guerra não foi dos melhores. Se tudo estivesse transcorrendo tão bem quanto o presidente Bush afirma, militares em campo não estariam se queixando da logística para jornalistas.
Vale notar que, por enquanto, as críticas se centram na condução da guerra, sem jamais discutir sua legitimidade. Boa parte dos americanos também permanece cega para o desgaste que esse conflito acarreta para a imagem dos EUA no mundo. Espera-se agora que os questionamentos saiam do terreno estritamente militar e ganhem o campo político.


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