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CLAUDIA ANTUNES
Banho maria
RIO DE JANEIRO - Há muita coisa esquisita no "making of" do caso Waldomiro, para usar expressão do subprocurador José Roberto Santoro.
Uma das mais intrigantes é o fato de
os dois inquéritos principais abertos
a partir da fita que mostra a conversa
de Waldomiro Diniz com Carlinhos
Cachoeira estarem agora em banho
maria -e por obra exclusiva do Ministério Público, supostamente interessado em investigar tudo até o fim.
Como se sabe, no início de fevereiro
Santoro ouviu Cachoeira e dois antigos sócios dele em Brasília. Depois,
enquanto a revista "Época" se preparava para divulgar o caso, remeteu a
investigação para o Ministério Público Federal no Rio -Waldomiro presidia a loteria do Estado quando a fita foi gravada, em 2002. Foi a Procuradoria no Rio que obteve os mandados de busca e apreensão nas casas e
escritórios dos envolvidos.
Um caso de corrupção na Loterj seria de competência estadual, mas a
procuradora Andréa Araújo argumentou que Waldomiro faria parte
de um esquema de lavagem de dinheiro do narcotráfico internacional.
A argumentação se baseava em uma
carta rogatória italiana de 1999 que
citava numa investigação de tráfico o
empresário Alejandro Ortiz, com
quem Cachoeira teria feito negócios.
Enquanto isso, em Brasília, o procurador Marcelo Serra Azul fazia
averiguações que deram origem ao
caso GTech, no qual Waldomiro, já
em 2003, teria tentado vender facilidades para a renovação do contrato
da empresa com a CEF. Nesse ponto,
a Procuradoria no Rio sugeriu o desmembramento da investigação: ficaria com o inquérito da lavagem e as
atividades de Waldomiro no Planalto seriam investigadas em Brasília.
Dois meses depois, o inquérito da
lavagem não avança, entre outros
motivos porque a tal carta rogatória
já teria perdido a validade para os
italianos. Em Brasília, o procurador
Serra Azul sustou o inquérito da
GTech ao enviar denúncia à Justiça,
sem esperar a quebra dos sigilos e antes de ouvir todos os citados. É esperar para ver quem vai tirar maior
partido dessa protelação.
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