|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
Obama, o bom vizinho
LONDRES - Antes de mais nada,
uma explicação ao leitor: comecei a
ler o noticiário internacional quando da revolta húngara contra o comunismo, em 1956. Tinha 13 anos.
Portanto, o interesse pelo mundo
não é recente.
Desenvolvi uma verdadeira obsessão por conhecer "newsmakers", as pessoas que fazem notícias, e vê-los em ação. Presidentes
dos Estados Unidos são dos mais
clássicos "newsmakers" do planeta.
Um presidente como Barack Obama, ainda mais pelos motivos que
todo mundo já sabe.
Por isso, um entusiasmo juvenil
me assolou ao receber a confirmação de que estava na lista dos jornalistas autorizados a acompanhar a
entrevista coletiva que Obama daria ao lado de Gordon Brown, o premiê britânico.
Visto como "newsmaker", não
me impressionou. O noticiário a
respeito está páginas adiante, e você pode julgar por si mesmo.
Visto como pessoa física, é outra
história. É o único presidente norte-americano de todos os que conheci (desde Richard Nixon) que
não exala o odor do império. Mesmo Bill Clinton, simpático, inteligente, superpreparado, não escondia o peito estufado ao falar (figuradamente, claro).
Obama, ao contrário, parece o vizinho simpático que entra sem precisar de permissão na casa da gente.
Eu sempre fico com medo de transmitir impressões pessoais, porque
podem ser falsas.
Só me animei a fazê-lo porque
chequei com um membro da delegação brasileira que esteve com Lula no encontro com Obama e ficou
com a mesmíssima impressão de
"gente como a gente", se me perdoa
o lugar-comum.
Até no encontro com a rainha,
Obama e a mulher, Michelle, se
comportavam com a reverência que
os netos de antigamente tinham
com os avôs. Pode até ser um fracasso como presidente, mas, como
gente, é um bom personagem.
crossi@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: Metas municipais
Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Ouvidos moucos Índice
|