São Paulo, quinta-feira, 02 de maio de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Prefeitura
"O jornalista Vinicius Torres Freire, em artigo publicado em 29/4 ("O PT que não diz não a Maluf", Opinião, pág. A2), incorre, entre outros equívocos, em lamentável engano quando afirma que "a prefeita Suplicy negou dinheiro para um advogado investigar Maluf no exterior". Marta Suplicy não negou dinheiro nenhum nem poderia, legalmente, autorizar a despesa com um advogado que acompanhasse junto à Justiça da Suíça o andamento do "affaire" Paulo Maluf. Dentre os crimes imputados a Paulo Maluf, avulta o de lavagem de dinheiro, de competência da Justiça Federal, que, por via do princípio da "vis atractiva", tem também competência relativamente a outros delitos concernentes a remessas pela mesma pessoa de dinheiro para o exterior. E, sendo de competência federal, a designação de um advogado nas condições mencionadas somente poderia ter sido feita pelo advogado-geral da União em consonância com o departamento da Receita Federal. Aliás, existe julgado nesse sentido do Superior Tribunal de Justiça. Nessas condições, a prefeita, se atendesse à recomendação -não se tratava sequer de pedido do promotor paulista-, estaria sujeita a responder judicialmente por essa invasão de competência e obrigada, pessoalmente, à devolução da importância paga. A prefeita Marta Suplicy agiu, no caso, com o bom senso que o direito aconselha. Nada mais, nada menos."
Hélio Bicudo, vice-prefeito de São Paulo (São Paulo, SP)

"Inverdades e manipulação permeiam o texto "Namorado de Marta cuida de publicidade" (Cotidiano, pág. C4, 1º/5). Contrariando a ética jornalística, o autor do texto não tentou me ouvir. Se o tivesse feito e, assim, respeitado o "Manual da Redação", talvez tivesse deixado de propalar afirmações inverídicas. O referido e-mail é de Celso Marcondes para Marta Suplicy. Portanto afirmar que "agência discute com Luís Favre estratégia para defesa de gastos com educação" é uma extrapolação totalmente fantasiosa da Folha. Improcedente é também a afirmação de que "Luís Favre articula e intermedeia discussão entre a administração e a agência de publicidade". A verdade é bem mais prosaica. O e-mail foi enviado para Marta ao meu endereço por motivos estritamente práticos e diz respeito a uma discussão interna da administração municipal da qual eu não participo. O e-mail está claramente endereçado à Marta e indica simplesmente que foi enviado "via" meu endereço eletrônico. Erros graves e grosseiros poderiam ter sido evitados se o jornalista tivesse entrado em contato comigo."
Luís Favre (São Paulo, SP)

Reposta do repórter João Carlos Silva
O interlocutor oficial da prefeitura foi contatado e não quis comentar o conteúdo da reportagem citada.

Privatizações
"O escândalo da desastrada privatização do setor de energia elétrica continua a se alastrar, como se pôde ver na reportagem "Parente quer processar crítico do apagão" (Dinheiro, pág. B4, 30/4). A atual tentativa do governo federal de intimidação do ínclito professor Ildo Sauer, da Escola Politécnica da USP, não passa, na verdade, de manobra destinada a evitar que a Procuradoria da República promova a inadiável ação de improbidade administrativa contra os responsáveis pelo colossal prejuízo ao patrimônio público e à economia popular. Nossa confiança volta-se agora para o Ministério Público Federal."
Fábio Konder Comparato, professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Estatística da violência
"Quando fui indagada acerca dos procedimentos para a coleta de dados estatísticos da SSP, depois de esclarecer que só poderia falar sobre o período em que estive à frente da Coordenadoria de Análise e Planejamento (de abril/1999 a fev/ 2002), disse que em lugar nenhum do mundo as estatísticas oficiais estão para a criminalidade como a imagem refletida no espelho está para o objeto: muitos casos não são notificados, há diversidade de critérios nas fontes etc (reportagem publicada em 28/4). Disse que isso não é um problema: é da natureza das coisas que seja assim. Disse que a estatística reflete tendências e é ferramenta fundamental para o diagnóstico da criminalidade. Disse que o aperfeiçoamento é um processo constante. O título "Estatísticas não refletem a realidade" e a forma como a minha declaração foi inserida na reportagem levam o leitor a inferir uma crítica não formulada. A SSP não produz dados, mas coleta e sistematiza informações prestadas pela polícia. Nestes três anos, progressos foram feitos quanto ao aprimoramento tecnológico e metodológico na coleta de dados e na transparência na divulgação (a reportagem só foi possível porque os dados estão na internet)."
Ana Sofia Schmidt de Oliveira, ex-coordenadora de Análise e Planejamento da Secretaria da Segurança Pública (São Paulo, SP)

Comparações
"Em relação ao texto "Comparações apressadas" (Mundo, pág. A10, 30/4), gostaria de dizer que não sou teórico do conhecimento nem historiador, mas me dói ver o intelecto a serviço da barbárie. Muito mais grave que qualquer deslize epistemológico, se é que ele existe no caso, é ver um argumento sofisticado ser usado para negar a violência que Israel vem perpetrando nas cidades palestinas. O fato de Israel não permitir à imprensa que realize seu trabalho e postergar a missão da ONU basta para pensar que aquilo deve estar cheirando mesmo muito mal."
Henrique de Lima Martins Torres
(São Paulo, SP)

"Perfeito o comentário de Marcos Guterman. Suas conclusões históricas levantam suspeitas sobre as reais intenções de Saramago e Tutu quando de seus comentários preconceituosos sobre as ações de Israel. Poderíamos até relevar a opinião do sr. Tutu, por ele estar distante dos fatos na época da Segunda Guerra. Quanto ao sr. Saramago, é pouco provável que possa realmente ter se enganado em seus julgamentos, o que me leva a crer que o que aconteceu foi uma espécie de "nostalgia" dos tempos pré, durante e pós-Segunda Guerra. Queira Deus que tudo não passe de um grande mal-entendido. Mas, quando abro os jornais e assisto aos noticiários, temo pelo pior."
Rinaldo Coelho (Rio de Janeiro, RJ)

Telecomunicações
"Em seu artigo "Telecomunicações e a área econômica" ("Tendências/Debates", pág. A3, 30/4), o sr Armínio Fraga tenta enquadrar o escandaloso lobby realizado pelo seu diretor como uma legítima ação institucional do Banco Central. Ele só se esqueceu de mencionar que o "autor" do documento apócrifo, que, segundo o articulista, possuía "filiação setorial", é primo do diretor do BC que se encarregou de apresentar o malfadado relatório na reunião da CPE. E que a empresa da qual esse mesmo primo é diretor é uma das poucas que estão em dificuldades no setor. Isso não é "mal-entendido", é lobby mesmo."
Edmar Damasceno Fonseca
(Belo Horizonte, MG)

Represa poluída
"O crescimento tanto populacional quanto comercial em torno da represa Billings, em São Paulo, não é seguido pela oferta de serviços públicos. Ao contrário: verifica-se uma pressão cada vez maior sobre os recursos naturais da região sem que tenha havido até agora nenhuma contrapartida do Estado que ao menos amenizasse os impactos das atividades humanas na natureza. Já faz alguns anos que esgotos são jogados em fossas, em sumidouros e em valas a céu aberto. O resultado é a contaminação dos solos, das vias públicas e dos lençóis freáticos na região da represa. Esses fatores farão emergir uma situação caótica na Billings."
Paulo Araújo (São Paulo, SP)



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