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ELIANE CANTANHÊDE
Escandalização: do tudo ao nada
BRASÍLIA - Quando saiu a pesquisa CNT-Sensus com Lula nas alturas e o terceiro mandato aceito
por 50%, um velho amigo, petista e
lulista de quatro costados, comentou: "Ih! Pronto! O Lula vai ficar
com o ego nas nuvens e desandar a
falar besteira". Não deu outra.
Alguém aí pode explicar por que o
presidente da República tinha de
fazer apaixonada defesa do governador do Ceará, Cid Gomes, que
gastou uma bolada pública para
passear com a família e com amigos
na Europa? Cá pra nós, não dá.
Na versão de Lula, "um avião alugado não é alugado por uma pessoa", ou seja, já que alugou, qual o
problema de levar a sogra? Mas a
questão não é essa. A sogra entra na
história de gaiata, um símbolo. O
que importa é que o Estado gastou
R$ 388 mil só com avião numa viagem para a Europa com assessores,
suas mulheres e até a sogra, em pleno Carnaval e com agenda fajuta.
Gomes pode até ser bom cara, mas é
ou não farra com dinheiro público?
Na oposição, Lula e o PT foram
decisivos para estabelecer parâmetros morais a serem respeitados pelas autoridades, fiscalizados pela
imprensa e aprovados ou não pela
sociedade. Ao chegarem ao poder,
jogaram tudo para o alto. Não bastassem mensalão, cuecão, aloprados, dossiês, quebra de sigilo de caseiro e contratos com a Telemar, lá
vem Lula defender o indefensável,
tratando meio milhão de reais dos
cearenses como uma bobagem.
Imagina se o PT fosse oposição, e o
governador, situação?!
Todo-poderoso, Lula previu um
"mandato excepcional" de Collor,
gargalhou com ACM, defende Renan e Severino, segue as luzes de
Jader. O que antes era escândalo virou provocação tucana, perseguição da imprensa, bobagem. Uma
"escandalização do nada", como diria o chefão da AGU, Jorge Hage.
Saudade do PT na oposição e
preocupação com um presidente
tão popular quanto maleável ao tratar de moralidade pública. Não é
responsável, não é educativo.
elianec@uol.com.br
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