São Paulo, domingo, 02 de junho de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Diagnóstico e terapêutica
"Contextualíssimo o artigo do professor Marcio Pochmann ("Erros de uma segunda abolição", "Tendências/Debates", pág. A3, 31/5). Lembra-nos, de forma pertinente, que a libertação formal dos negros não foi acompanhada por medidas que possibilitassem incluí-los na sociedade. Corretamente, afirma que a educação, por si só, não produz inclusão. Ao finalizar o artigo, sugere que chegou a hora "de darmos um passo adiante", buscando uma "inclusão cidadã", e reconhece que o atual modelo econômico revela-se um "entrave intransponível". Uma pergunta se faz necessária: a alteração positiva do atual modelo econômico -com desenvolvimento, geração de emprego e de renda- produz, por si só, a necessária inclusão da população negra brasileira? Se o professor verificar o notável crescimento que o país experimentou no passado, reconhecerá que a alteração do modelo, por si só, revelar-se-á igualmente insuficiente. O fim da secular exclusão da população negra pede diagnósticos consistentes como os feitos por Pochmann. Todavia esses devem vir acompanhados da terapêutica adequada."
Helio Santos (São Paulo, SP)

Ódio
"Gostaria de parabenizar o leitor Valdeci Mariano de Souza ("Painel do Leitor", 28/5), que, com esforço, graduou-se em física e se prepara para fazer doutorado na Alemanha. Sorte sua ter se formado em física e não em educação física, senão poderia ser vítima do ódio implacável da jornalista Marilene Felinto ("Treinador pessoal", Cotidiano, pág. C2, 28/5), que, presa em um engarrafamento, deduziu que aquela pessoa no outro carro, que ela não conhecia, era uma espécie de "michê de luxo", um "assexuado", "covarde". Sorte da jornalista, que já transitou pela avenida Sapobemba, mas também já foi a Berlim, a Amsterdã e, com certeza, a outros lugares desconhecidos dos transeuntes da avenida Sapobemba. Azar de Marcelo, o "personal trainer", por passar pela rua Estados Unidos naquela hora para ser julgado e condenado sem direito à defesa. Em tempo: não sou "personal trainer", nem professor de educação física, nem físico. Sou engenheiro agrônomo, mas juro, sra. Felinto, que nunca trabalhei com o cultivo de alcachofras, de ervas aromáticas ou de qualquer outro tipo de produto que remotamente pudesse ser considerado como de consumo exclusivo "daquela gente que frequenta a rua Estados Unidos". Deixe-me fora dessa! A barra já está muito pesada para a gente ainda atrair ódios gratuitos."
José Nobel Castro Santos (Jaú, SP)

Crimes financeiros
"Ao obrigar a Argentina a deixar de punir banqueiros por crimes financeiros contra o país ("Vitória no Senado dá sobrevida a Duhalde", Dinheiro, pág. B8, 31/5), o FMI mostra finalmente a sua verdadeira face, dando razão a Bertolt Brecht, para quem maior crime que assaltar um banco é fundar um banco."
César Martins Chagas (São Paulo, SP)

Até que ponto os políticos latino-americanos vão pisar na honra de seus países para "atender as exigências do FMI" -como no caso da derrubada da Lei da Subversão Econômica? Foram justamente as "exigências do FMI", cegamente obedecidas por políticos desonestos e arrogantes, que levaram o país a essa situação de decadência e de desespero. E os brasileiros? Seremos os próximos da fila de mais essa humilhação?"
Vera Lucia Cordeiro Abram (Curitiba, PR)

Pobreza
"Parabenizo a Folha pela iniciativa de, juntamente com o Ipea, debater a miséria no país ("País desperdiça gasto social, conclui debate", Brasil, pág. A8, 31/5). É chocante, para um país com tantos recursos naturais e com tantas potencialidades, verificar que 50 milhões dos seus filhos (quase um terço) vivem em situação de indigência. Para nós, baianos, vítimas do convencimento pela mídia de que "a Bahia está no caminho certo", é triste saber que 53,9% dos baianos estão em situação de indigência."
Ildes Ferreira de Oliveira (Salvador, BA)

PT
"Os que agora criticam o PT por sua abrangente busca de apoio são os mesmos que no passado criticavam-no por ser sectário e pouco maleável. Todos sabemos que, caso ganhe as eleições, o PT precisará de uma ampla base parlamentar que o apóie para implementar o seu programa. Ora, é óbvio que o PT precisa do apoio de amplos setores da sociedade, e o que o diferencia do PSDB nesses oito anos de governo do PFL é que o PT é o partido hegemônico e os que o apoiarem estarão de acordo com o "seu" programa de governo. Portanto, descontentes com a atual situação de desordem nacional, sejam bem-vindos!"
Christiane Zalazar (São Paulo, SP)

São Paulo
"Ninguém mais aguenta a cidade de São Paulo. Ela está grande demais, congestionada demais, sufocante demais. E, segundo previsão de Aldo Rebouças, do Instituto de Estudos Avançados, da USP, poderá ter pouca disponibilidade de água para consumo. É preciso retirar daqui o governo do Estado, como a Constituição paulista já quis fazer em 1967. Naturalmente, será uma transferência demorada, que talvez requeira uma década. Por isso os estudos precisam começar ontem." Oswaldo Chiquetto (São Paulo, SP)

Voto seguro
"Parabéns à jornalista Marta Salomon. Primeiramente por sua participação na equipe do jornalista Procópio Mineiro, que, em 1982, descobriu e impediu a primeira grande fraude eleitoral eletrônica no Brasil. Parabéns também pela coluna "Diferencial delta veste baiana?" (Opinião, pág. A2, 31/5). Não é só ela que não consegue compreender como se dá a garantia de lisura do processo eleitoral brasileiro. O obscurantismo proposital praticado pelo Tribunal Superior Eleitoral, que mantém programas de computador secretos sem dar explicação convincente nem mesmo à comunidade acadêmica, só pode provocar dúvidas em qualquer eleitor de mente inquisitiva. As recomendações contidas no relatório da Unicamp são exatamente as mesmas apresentadas pelo Fórum do Voto Eletrônico desde 1996: somente a transparência total poderá dar credibilidade ao sistema eleitoral. Nossas únicas garantias são as palavras dos responsáveis: "la garantia soy yo!'"
Amilcar Brunazo Filho, moderador do Fórum do Voto Eletrônico (São Paulo, SP)

Estradas
"Em 29/5, na pág. C6 (Cotidiano), deparei com uma reportagem que me causou apreensão quanto à lisura do processo de concessão de rodovias. Há quatro anos venho acompanhando situações que, no meu entender, comprometem esse processo. No caso da reportagem mencionada, gostaria de perguntar se interessa a alguém deixar as estradas sob cuidado do Estado se deteriorarem para que se firme, posteriormente, convênio de US$ 240 milhões com o BID para recuperá-las."
Orivaldo Tenorio de Vasconcelos
(Pirangi, SP)



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