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A POLÍTICA E O FUTEBOL
Sempre que as agendas da política e do futebol se cruzam, alguma celeuma se cria. Políticos, seja
do governismo, seja da oposição,
tentam se beneficiar do ambiente favorável das grandes vitórias no esporte. Não será diferente no retorno
dos jogadores pentacampeões do
mundo ao país, que inclui uma visita
ao presidente Fernando Henrique
Cardoso em Brasília. As ligações perigosas entre futebol e política, porém, não têm poder de influir nos
destinos do país.
Receber campeões no palácio presidencial não é uma tradição exclusiva de países subdesenvolvidos. Jacques Chirac abriu as portas do Eliseu
aos atletas franceses que conquistaram a Copa do Mundo em 1998. A esse respeito, digna de nota também
foi a atitude do chanceler alemão
Gerhard Schröder, que do Canadá,
onde participava da reunião do G-8,
tomou uma "carona" no avião de seu
colega japonês para assistir à final da
Copa, no domingo.
No passado, governos militares do
Brasil e da Argentina utilizaram vitórias futebolísticas como peça de propaganda de regimes que cerceavam
liberdades básicas dos cidadãos.
Mesmo nesses casos, que constituem exceção, foram quase nulos os
efeitos duradouros da manipulação
política da vitória no futebol.
O traço menos visível mas mais perigoso do uso do esporte na política
tem relação com o terreno específico
das normas e procedimentos que dizem respeito ao futebol. Nos meandros do Parlamento e da administração pública, é possível que o clima favorável após a conquista do penta seja usado na tentativa de frear mudanças positivas para o esporte no Brasil.
Por exemplo: há medida provisória
tramitando no Congresso que impõe
a clubes e federações padrões minimamente transparentes de gestão;
há procedimentos investigativos
abertos contra pessoas ligadas ao futebol profissional. É preciso estar
atento a movimentos que possam,
no esteio da euforia com a vitória no
Japão, atravancar esses avanços.
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