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ELIANE CANTANHÊDE
Ronaldo
BRASÍLIA - Ganhou o Brasil, perderam Fernando Henrique Cardoso e o
presidente da CBF, Ricardo Teixeira,
que ficaram nesse tititi sobre se a seleção deveria ou não subir a rampa.
Claro que deveria. Óbvio.
Subiu com Juscelino Kubitschek
(muito popular), subiu com João
Goulart (que depois foi derrubado),
subiu com Emílio Médici (na ditadura) e com Itamar Franco (substituto).
Como justificar para a história que só
não subiu com FHC? Sem sentido.
A festa, na verdade, não é do presidente nem do presidente da CBF, todo enrolado em CPIs. A festa é do Ronaldo, do Rivaldo, do Ronaldinho, do
Cafu. A festa é da seleção. E a festa,
lamenta-se informar, é do povo: "A
taça do mundo é nossa, com brasileiro, não há quem possa...".
Se vai haver uso político disso? Depende. A favor de José Serra, Lula, Ciro Gomes ou Garotinho não vai. Porque ninguém identifica o "bico" de
Ronaldo contra os turcos como arte
tucana nem atribui o título de artilheiro da Copa à liderança petista
nas pesquisas.
A festa em Brasília é hoje. Daqui a
uma semana, 15 dias, ninguém mais
se lembrará disso. Na hora de votar,
então, nem se fala. Especialmente se
o dólar até lá já estiver de vez nos R$
3, as metas de exportação tiverem se
danado e os empregos que restam,
evaporado.
Se há algum efeito político da homenagem do povo à seleção na rampa e no parlatório do Palácio do Planalto é a imagem de Ronaldo, o símbolo da garra, da crença, da vontade.
A mensagem positiva da superação.
Quem está no fundo do poço pode
sentir um resquício de força. Pensar
em como ele amarelou em 1998, em
como foi alvo da maledicência até na
vida pessoal, em como sofreu (literalmente) e em como amargou o pânico
de nunca mais jogar. E, hoje, está aí.
É o artilheiro, é campeão, é penta. E
pode ser hexa, gente! Nessas horas, a
política que se dane. A boa política é
o que os verdadeiros líderes deixam
de mensagem para seus povos.
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