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CRÉDITO EXÍGUO
Balanços de instituições financeiras referentes ao primeiro
semestre do ano confirmam as distorções provocadas pelas elevadas taxas de juros mantidas pelo Banco
Central. Não bastasse a diferença entre a taxa de captação e aquelas cobradas no mercado -os altos
"spreads" bancários-, análise da
consultoria ABM Consulting, publicada domingo pela Folha, ressalta
como esse cenário, em prejuízo da
oferta de crédito, tem estimulado a
aplicação em títulos públicos.
Ao se examinar as receitas do setor
financeiro no primeiro semestre percebe-se que os ganhos dos bancos
com investimento em títulos aumentaram em relação ao mesmo período
de 2002, praticamente igualando-se
àqueles auferidos com a concessão
de crédito. Esse desvio não pode ser
simplesmente atribuído às instituições bancárias, uma vez que elas reagem às oportunidades oferecidas.
Títulos públicos a juros estratosféricos constituem-se, obviamente, numa alternativa confortável e lucrativa.
O encolhimento do crédito é um
efeito previsto da política restritiva
adotada para dissipar a ameaça inflacionária e a desconfiança em relação
ao país presentes no período inicial
do governo. Se é inegável que a estratégia atingiu esses objetivos, estando
a inflação em recuo e a confiança em
alta, o custo do ajuste tem sido extremamente caro, evidenciando os exageros e o excesso de conservadorismo da política praticada pelo BC.
Depois de oficialmente constatado
o ambiente recessivo do primeiro semestre, analistas agora convergem
para a percepção de que a economia
inicia uma reversão do movimento
de baixa, criando esperanças de que a
trajetória passará a ser, nos próximos meses, de reaquecimento.
Nesse processo de reativação, é imprescindível que os bancos passem a
desempenhar seu papel básico de
fornecer crédito a taxas compatíveis,
decisão que estará condicionada pelos próximos passos a serem dados
pelo BC. As condições para reduções
mais acentuadas da taxa Selic estão,
ao que parece, amadurecidas, e precisam ser melhor aproveitadas.
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