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São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2003

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TENDÊNCIAS/DEBATES

O impacto socioeconômico da Unesp

JOSÉ CARLOS SOUZA TRINDADE

No mês passado, novos alunos iniciaram seus estudos de graduação na Unesp (Universidade Estadual Paulista), após o vestibular de meio de ano, realizado em julho. A Unesp ofereceu 25 cursos em 15 cidades paulistas, com 1.015 vagas abertas, das quais 345 em novas unidades disseminadas pelo Estado de São Paulo: Sorocaba/Iperó, Itapeva e Ourinhos (sudoeste), Tupã e Dracena (Nova Alta Paulista), Registro (Vale do Ribeira) e Rosana (Pontal do Paranapanema).
Os cursos ofertados abrangem as três áreas do conhecimento e 11 são novos, entre os quais podemos destacar, no campus de Assis, o de biotecnologia, o primeiro do país. Além do ensino superior público e gratuito de qualidade, desenvolvimento de atividades de pesquisa e extensão universitária, deve-se ressaltar aqui um outro fator, muitas vezes esquecido quando se avalia a presença da Unesp no interior de São Paulo: o dinamismo que ela gera na economia das cidades e das regiões onde se localiza.


A movimentação de recursos pela universidade exerce um efeito dinâmico sobre as atividades econômicas locais


Como aponta o recente estudo "Impactos Econômicos e Financeiros da Unesp para os Municípios" (Editora Unesp), do economista e professor da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, campus de Araraquara, José Murari Bovo, a movimentação de recursos financeiros pela universidade constitui um conjunto de fatores que exerce um efeito dinâmico e multiplicador sobre as atividades econômicas locais.
Isso ocorre pelo pagamento de salários de professores e funcionários, investimentos em obras e equipamentos, além das demais despesas de custeio e gastos de alunos oriundos de outras cidades, cujo montante aumenta à medida que novos cursos são criados e vagas são abertas nos já existentes -de 2001 a 2003, foram criadas 1.625 vagas, de acordo com o Projeto de Expansão da Universidade, que abrange também a implantação de novos campi. O projeto de expansão, ressalte-se, foi elaborado pela Unesp em um esforço conjunto com o governo do Estado de São Paulo e o Legislativo paulista e segue os princípios estabelecidos pelo Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas).
Só em 2001, os serviços ligados ao trabalho acadêmico efetuado nas unidades universitárias contribuíram, segundo a pesquisa, para movimentar quase R$ 573 milhões na economia de 14 municípios estudados entre os que possuem campus da Unesp. Desse montante, 86,73% provêm de recursos do ICMS repassados pelo governo do Estado. É significativo observar que o valor do ICMS recolhido aos cofres do governo estadual pelo conjunto de empresas instaladas nesses 14 municípios atingiu, nesse mesmo ano, R$ 1,35 bilhão. Por meio da Unesp, retornaram a essas mesmas cidades quase R$ 497 milhões, ou seja, 36,56% do ICMS total por elas arrecadado.
Em cidades como Ilha Solteira, Botucatu, Assis e Jaboticabal, os recursos do ICMS repassados aos campi superaram, de forma expressiva (3.205%, 516%, 259% e 228%, respectivamente), o total anual da arrecadação de cada município.
Se esses números, por si sós, já demonstram a importância da Unesp como vetor de recursos tributários que retornam para as cidades, há ainda que considerar as despesas de subsistência -moradia, alimentação e consumo- dos estudantes dos cursos de graduação e de pós-graduação ("stricto" e "lato sensu").
Esses alunos, ao comprarem bens e serviços, têm papel importante no efeito multiplicador da presença da Unesp no Estado de São Paulo. Seu montante total de gastos, de acordo com o estudo, chega a R$ 241 milhões, sendo 24,19% em aluguel e 17,49% em alimentação. Especificamente no item aluguel, estima-se que, nos 14 municípios pesquisados, cerca de 7.600 casas são alugadas por estudantes, contribuindo decisivamente para o dinamismo dos mercados imobiliários locais.
Com base nesses dados, não só é possível afirmar que a universidade é essencial para o funcionamento da maioria das cidades que a abrigam, mas também que os municípios que estão recebendo as novas unidades logo sentirão seus benefícios, não só em termos de ensino, pesquisa e extensão de serviços à comunidade, mas também de desenvolvimento social e econômico.

José Carlos Souza Trindade, 67, professor titular do Departamento de Urologia da Faculdade de Medicina da Unesp (campus de Botucatu), é o reitor da universidade.


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