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O PRIMEIRO DA FILA
Por 14 votos a zero, os integrantes do Conselho de Ética da
Câmara votaram a favor da cassação
do mandato do deputado federal Roberto Jefferson. A decisão terá de ser
ratificada em plenário -e é indispensável que o seja. Afinal, o ex-presidente do PTB é réu confesso. Ele
próprio, aliás, afirmara ter "sublimado" seu mandato, avaliando que não
escaparia à cassação. Jefferson não
apenas declarou ter recebido recursos de caixa dois do PT como admitiu tráfico de influência em estatais.
Esses dois tópicos constam do relatório elaborado pelo deputado Jairo
Carneiro (PFL-BA), que incluiu, todavia, outros pontos no mínimo duvidosos. O mais esdrúxulo deles é o
argumento, proposto em processo
apresentado pelo PL, segundo o qual
Jefferson precisaria ser punido por
ter mentido ao denunciar a existência do "mensalão".
É fato que não há provas de que os
pagamentos efetuados a parlamentares governistas seguiram rigorosa
periodicidade mensal. Tampouco
demonstrou-se a existência de uma
quantia padronizada -como o ex-presidente do PTB sugerira.
Nada disso, porém, elimina a existência, já fartamente demonstrada,
de uma volumosa distribuição de recursos ilícitos entre legendas e parlamentares aliados do governo petista.
Como já se comentou neste espaço,
o recebimento a prazo ou à vista em
nada altera o essencial, que é a corrupção. É insustentável, portanto, a
ardilosa tentativa de negar as ilicitudes -e as evidências de quebra de
decoro parlamentar por parte de deputados- com a alegação de que
Jefferson "mentiu" sobre a freqüência dos pagamentos.
É de esperar que a cassação do deputado do PTB seja apenas a primeira de uma série que a Câmara tem o
dever de sancionar. O eventual triunfo de manobras acomodatícias visando poupar envolvidos e consagrar como normais práticas escusas
representaria a completa desmoralização das instituições políticas e
uma afronta à sociedade brasileira.
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