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Boas-vindas
LUIZ CAVERSAN
Rio de Janeiro - No final da tarde
chuvosa de ontem, durante cerca de 15
minutos as nuvens escuras cederam
espaço ao sol.
Formaram-se então dois lindos arco-íris, justamente na região por onde
o papa deve passar hoje, primeiro dia
de sua visita à cidade.
Para quem estava no hotel Glória,
onde se encontra o centro de imprensa
montado para abrigar os jornalistas
que vão cobrir a visita, o fenômeno visual terminava bem em cima do grande palco construído no Aterro do Flamengo, onde João Paulo 2º rezará a
missa de domingo.
Quem sabe foi um sinal de boas-vindas da Cidade Maravilhosa?
Pode ser até algo mais próximo de
um milagre, como adoram acreditar
os católicos carentes de sinais divinos?
Ou apenas uma coincidência?
Seja qual for a resposta, tomara que
a beleza daquelas luzes coloridas que
tingiram os céus em muitos tons tenha
aumentado um pouco a inspiração
dos que estão mobilizados com a visita do papa.
Para que se possa ir além dos dogmas e imposições tradicionalmente
proibitivas da Igreja Católica.
Tomara mesmo que a presença do
"mensageiro da paz", como gostam de
chamá-lo os católicos, ajude a ampliar
pelo menos alguns horizontes.
Que não se fique apenas na crítica
ao aborto, na condenação ao sexo, na
exaltação insistente do formato tradicional de família.
Que se deixe de lado a grandiosidade da festa de R$ 7 milhões e abra-se
um pouco de espaço, nas mentes que
hoje estarão motivadas pelos bons
fluídos papais, aos sem-família, os
sem-casa, os sem pai nem mãe, os
sem-trabalho, os sem-escola, os
sem-futuro. E também para os que,
por força de uma vida dura e madrasta, acabam ficando sem dignidade alguma.
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