São Paulo, quinta, 2 de outubro de 1997.



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Boas-vindas

LUIZ CAVERSAN

Rio de Janeiro - No final da tarde chuvosa de ontem, durante cerca de 15 minutos as nuvens escuras cederam espaço ao sol.
Formaram-se então dois lindos arco-íris, justamente na região por onde o papa deve passar hoje, primeiro dia de sua visita à cidade.
Para quem estava no hotel Glória, onde se encontra o centro de imprensa montado para abrigar os jornalistas que vão cobrir a visita, o fenômeno visual terminava bem em cima do grande palco construído no Aterro do Flamengo, onde João Paulo 2º rezará a missa de domingo.
Quem sabe foi um sinal de boas-vindas da Cidade Maravilhosa?
Pode ser até algo mais próximo de um milagre, como adoram acreditar os católicos carentes de sinais divinos? Ou apenas uma coincidência?
Seja qual for a resposta, tomara que a beleza daquelas luzes coloridas que tingiram os céus em muitos tons tenha aumentado um pouco a inspiração dos que estão mobilizados com a visita do papa.
Para que se possa ir além dos dogmas e imposições tradicionalmente proibitivas da Igreja Católica.
Tomara mesmo que a presença do "mensageiro da paz", como gostam de chamá-lo os católicos, ajude a ampliar pelo menos alguns horizontes.
Que não se fique apenas na crítica ao aborto, na condenação ao sexo, na exaltação insistente do formato tradicional de família.
Que se deixe de lado a grandiosidade da festa de R$ 7 milhões e abra-se um pouco de espaço, nas mentes que hoje estarão motivadas pelos bons fluídos papais, aos sem-família, os sem-casa, os sem pai nem mãe, os sem-trabalho, os sem-escola, os sem-futuro. E também para os que, por força de uma vida dura e madrasta, acabam ficando sem dignidade alguma.





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