São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2000

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BRASIL VULNERÁVEL

A insuficiência das exportações torna-se ainda mais aguda em momentos, como o atual, em que pressões na conta de importações tornam o país mais vulnerável.
A tal ponto estão piorando as condições que afetam as contas comerciais do país, que bancos e consultorias já esperam um déficit comercial neste ano de até US$ 500 milhões.
O governo chegou a anunciar uma expectativa de superávit de US$ 4 bilhões no início do ano. Na última revisão, reduziu esse valor para US$ 2,8 bilhões. Agora, as autoridades evitam fazer previsões ou metas.
As causas imediatas do desequilíbrio são a elevação nas cotações internacionais do petróleo, a queda nos preços de algumas das principais commodities que o Brasil exporta (como açúcar e café) e as importações, em alta numa economia que começa a crescer mais.
Quanto aos preços de commodities, o governo praticamente nada tem a fazer. Já quando se trata de pressões sobre importações, o problema é típico de economias em que faltou investimento. Quando sobe a taxa de crescimento econômico, não há capacidade produtiva interna para atender à procura crescente por insumos e componentes.
Surge então uma questão de política econômica: que medidas tomou o governo FHC, desde o Plano Real, para criar condições de aumento da capacidade produtiva doméstica?
Dando prioridade à âncora cambial, com taxas de juros internas elevadíssimas, o governo facilitou as importações e dificultou os investimentos. Colhe, agora, os resultados.
A conta, por enquanto, é paga com investimentos diretos estrangeiros. Mas, a se confirmar o cenário mundial de desaquecimento econômico, haverá ao mesmo tempo menos mercado para produtos brasileiros e menos disposição dos investidores para aplicar seus recursos em economias em desenvolvimento.
Vai ser difícil pagar a conta sem, mais uma vez, sacrificar o crescimento econômico brasileiro.


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