|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BRASIL VULNERÁVEL
A insuficiência das exportações torna-se ainda mais aguda
em momentos, como o atual, em
que pressões na conta de importações tornam o país mais vulnerável.
A tal ponto estão piorando as condições que afetam as contas comerciais do país, que bancos e consultorias já esperam um déficit comercial
neste ano de até US$ 500 milhões.
O governo chegou a anunciar uma
expectativa de superávit de US$ 4 bilhões no início do ano. Na última revisão, reduziu esse valor para US$ 2,8
bilhões. Agora, as autoridades evitam fazer previsões ou metas.
As causas imediatas do desequilíbrio são a elevação nas cotações internacionais do petróleo, a queda
nos preços de algumas das principais commodities que o Brasil exporta (como açúcar e café) e as importações, em alta numa economia que
começa a crescer mais.
Quanto aos preços de commodities, o governo praticamente nada
tem a fazer. Já quando se trata de
pressões sobre importações, o problema é típico de economias em que
faltou investimento. Quando sobe a
taxa de crescimento econômico, não
há capacidade produtiva interna para
atender à procura crescente por insumos e componentes.
Surge então uma questão de política econômica: que medidas tomou o
governo FHC, desde o Plano Real,
para criar condições de aumento da
capacidade produtiva doméstica?
Dando prioridade à âncora cambial, com taxas de juros internas elevadíssimas, o governo facilitou as
importações e dificultou os investimentos. Colhe, agora, os resultados.
A conta, por enquanto, é paga com
investimentos diretos estrangeiros.
Mas, a se confirmar o cenário mundial de desaquecimento econômico,
haverá ao mesmo tempo menos
mercado para produtos brasileiros e
menos disposição dos investidores
para aplicar seus recursos em economias em desenvolvimento.
Vai ser difícil pagar a conta sem,
mais uma vez, sacrificar o crescimento econômico brasileiro.
Texto Anterior: Editorial: VOTO TRANQUILO Próximo Texto: Editorial: O OURO QUE IMPORTA
Índice
|