SÃO PAULO - Conservadorismo secular, fisiologia, corrupção, pistolagem e, mais recente, tráfico de drogas. Parte do mando local degradou-se ao ponto de formar quadrilhas.
Outra parte se degradou por puro imobilismo, sem imaginação para largar o mandonismo tradicional. Em toda parte, porém, famílias proprietárias em pequenos Estados são ameaçadas por uma classe média mais ilustrada, que adere a partidos de esquerda, disputa o poder e areja o ambiente mefítico da política de Estados como Acre e Alagoas.
Mais de 50% dos primeiros e segundos lugares da eleição de ontem nas capitais foram ocupados por candidatos da esquerda.
Está certo que muito PSB e PPS não é mais que sublegenda do PFL ou PMDB local. Mas a eleição menos e menos se limita à disputa entre herdeiros de pendengas com raízes podres nas disputas entre UDN e PSD, Arena e MDB. O conservadorismo resiste forte onde se lustra -ACM e seus técnicos reinventaram um despotismo (algo) esclarecido.
O PT avança em parte porque perdeu o amadorismo (e o viço saudável) da militância e da forte base popular, porque se fez também uma burocracia eleitoral.
O PT sobe porque cedeu seu lugar ao MST na demonologia conservadora. Porque é uma opção frequentemente eficaz à barbárie política, ao cangaço moderno, à ignorância. O PT e o bloco de esquerda avançam porque endireitam, em todos os sentidos da palavra.
Mal comparando, o PT poderia fazer no Brasil o papel do Partido Comunista Italiano, que por quase meio século esteve à beira do poder. Os suaves e inteligentes comunistas italianos administraram grandes cidades e civilizaram parte da Itália. O medo de que vencessem fez com que conservadores se civilizassem.
Mas o que será do PT? Vai largar suas ritualísticas discussões sobre socialismo? Vai entrar no debate de uma alternativa socioeconômica séria para o governo federal?


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