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MODELO EM CRISE
O Banco Central (BC) volta a se
mostrar menos ambicioso no
combate à inflação. Embora a meta
oficial para 2003 continue a ser uma
inflação de 4%, devido à alta do dólar
o BC já está trabalhando com o objetivo de limitar a inflação a 5%.
A iniciativa não chega a surpreender: a média das projeções de inflação do mercado para 2003 está em
5,5%, meio ponto percentual acima
do novo "alvo" do BC. Ressalta, de
mais essa flexibilização, que as metas de inflação têm sido alteradas,
nos últimos meses, a reboque das
circunstâncias. A alta do dólar levou
o BC a abrir mão da pretensão de
"moldar" as expectativas de inflação
do mercado, fazendo-as convergir
para a meta oficial. Vem ocorrendo o
inverso: o BC reduz sua "ambição"
antiinflacionária, aproximando seus
objetivos das projeções do mercado.
As metas de inflação são uma peça
do modelo de política macroeconômica implantado por FHC. Este modelo se baseou no pressuposto de
que o financiamento externo se manteria abundante ao longo do tempo.
Por isso colocou, como o elemento
central para promover a estabilização e o crescimento, a preservação da
credibilidade junto aos financiadores
externos. E para tanto um dos fatores
seria o cumprimento das metas de
inflação (o que não ocorreu em 2001,
nem se verificará em 2002).
As metas de inflação foram criadas
em seguida à troca do sistema de
câmbio semifixo pelo flutuante, em
1999. Essa mudança representou um
ajuste nesse modelo, ao torná-lo menos rígido. Mas não significou uma
revisão mais profunda. As tensões
dos últimos meses deixam patente
que não afastou o país dos perigos da
vulnerabilidade externa.
Dado o quadro global de elevada
incerteza e aversão ao risco, é real a
perspectiva de que a oferta de capital
para os países emergentes continue
restrita por longo tempo. Assim, a
articulação de novo modelo de política econômica se impõe.
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