São Paulo, quarta-feira, 02 de outubro de 2002

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Ainda há chance de mudar

EMERSON KAPAZ

Você conhece as propostas de algum candidato a deputado federal? Em quem você vai votar para deputado estadual?
Essas perguntas vêm sendo formuladas com frequência cada vez maior nas conversas entre os eleitores, principalmente os mais jovens.
Feitas a poucos dias das eleições, as indagações refletem mais do que desconhecimento generalizado sobre as candidaturas. Elas revelam a falta de consciência da grande maioria do eleitorado sobre a importância da Política (assim mesmo, com P maiúsculo) e dos políticos do Poder Legislativo.
É verdade que estamos todos preocupados com as eleições para presidente e governadores de Estado. As candidaturas das oposições se mantêm na dianteira do processo eleitoral, o que aponta para mudanças certamente positivas na condução do Brasil e no destino dos seus cidadãos.
Mas nós, agentes que somos dessa mudança, enquanto eleitores, esquecemo-nos de que a renovação de dois terços do Senado e da totalidade da Câmara dos Deputados e das Assembléias Legislativas terá uma profunda repercussão no cenário nacional nos próximos quatro anos.
O Congresso Nacional dará as cartas nos assuntos mais decisivos, como as reformas política, tributária, previdenciária, trabalhista e do Judiciário. São mudanças indispensáveis para modernizar o Brasil e colocá-lo em condições de crescer e distribuir renda num mundo irreversivelmente globalizado e cada vez mais desigual.
A responsabilidade dos congressistas aumenta num momento em que já não será possível governar por meio de medidas provisórias. A pauta do Congresso finalmente se abrirá para a tramitação das proposições dos políticos, e não apenas daquelas emanadas do Executivo.


O Congresso Nacional dará as cartas nos assuntos mais decisivos, como as reformas tributária e do Judiciário


Se os políticos que compuserem o próximo Congresso não tiverem boas propostas e igualmente capacidade de gestão e eficiência na negociação e na articulação política, o Legislativo não conseguirá avançar com rapidez no rumo das mudanças desejadas.
Novamente perderemos tempo em aprofundar as conquistas da democracia, com a diferença de que, desta vez, a responsabilidade recairá sobre o Congresso e sobre nós, eleitores, que o vamos eleger.
As Assembléias estaduais votarão leis relevantes, em questões como segurança pública, ampliação de estradas, pedágios, desenvolvimento regional e melhorias em educação, saúde e meio ambiente. Isso exigirá do eleitor uma dose de responsabilidade muito maior do que a imaginada na hora de escolher seu deputado estadual.
Ainda temos alguns dias pela frente para voltarmos nossa atenção às eleições proporcionais e nos preocuparmos em escolher os políticos com visão de futuro, projetos, idéias sobre desenvolvimento e distribuição de renda e compromissos com reformas estruturais, para podermos elevar minimamente a qualidade dos legisladores que irão nos representar.
Nesse particular, será decisiva a importância da imprensa e dos formadores de opinião. Eles têm dado pouca ou nenhuma visibilidade a esta parte das eleições que será tão fundamental para o reerguimento do país.
É imperioso mudar de postura, para ajudar o eleitor nas escolhas que se revelarão tão importantes quanto a do próximo presidente da República e dos governadores.


Emerson Kapaz, 47, é deputado federal pelo PPS-SP. Foi secretário da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo (governo Covas).

E-mail: emerson@kapaz.com.br



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