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ARREMETIDA AMERICANA
Parecia claro um consenso entre os
observadores da economia norte-americana. Ainda que uns poucos
continuem a acreditar num desastre,
o cenário de "soft landing", de aterrissagem suave, predominava. Na semana passada, dados relativos ao
crescimento no terceiro trimestre
trouxeram alguma preocupação.
Entre julho e setembro, o PIB dos
EUA teve o maior crescimento trimestral do ano, chegando a 4,8%. O
impacto imediato desse indicador,
no entanto, foi compensado pela notícia de que os custos salariais no
mesmo período ficaram abaixo tanto
dos registrados no trimestre anterior
quanto das projeções do mercado.
A reação imediata, positiva, dos
mercados tem lógica, mas não esgota a questão. O fato mais fundamental é a arremetida da maior economia
do planeta, movimento que em tese
tende a gerar pressões inflacionárias,
mais cedo ou mais tarde.
A questão crucial para o Fed, o banco central dos EUA, é saber se é possível esperar mais até que surjam sinais explícitos de inflação e pressões
salariais. A instituição, que já se declarou inclinada a elevar os juros,
possivelmente será mais sensível, no
prognóstico de médio prazo, ao indicador de crescimento revigorado.
Há no entanto quem prefira empunhar a bandeira de um novo otimismo, acreditando que a mudança tecnológica abre fronteiras de crescimento sem pressão inflacionária.
É por exemplo notável que, decompondo o crescimento do terceiro trimestre, tenha ocorrido uma perda de
dinamismo nos gastos de consumo,
mas com a elevação concomitante
dos investimentos em novas fábricas
e equipamentos de 7% para 14,9%.
Mas os dados continuam inconclusivos. Em setembro, houve uma queda nas vendas de imóveis de 12,8%,
depois de alta expressiva em agosto.
Os indicadores econômicos dos
EUA revelam-se acima de tudo instáveis, o que já é em si razão para cautela no resto do mundo, em especial
nas regiões mais atrasadas e dependentes, como o Brasil.
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