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ACABAR COM OS BINGOS
Uma só casa de jogo, instalada no
Rio Grande do Sul, arrecadou tanto
quanto todos os bingos do Estado de
São Paulo desde 1998. Essa foi uma
das distorções constatadas por estudo do Instituto Nacional do Desporto
a partir do balanço da jogatina.
Segundo o relatório do Indesp, arrecada-se nos bingos de São Paulo
menos que nos do Piauí e de Alagoas,
mesmo sendo bem maior a quantidade de estabelecimentos paulistas.
Trata-se de um indício inescapável de
irregularidades, para dizer o menos.
Se artifícios como a declaração de
valores menores que os de fato apurados servem para sonegar impostos, no caso dos bingos abrem pelo
menos uma outra possibilidade de
falcatruas. É que, sobre os valores arrecadados, há percentuais que devem
ser destinados a entidades esportivas
-o objetivo da criação dos bingos
era o de fomentar o desporto.
Embora as investigações sobre essa
evidência de conduta fraudulenta e
generalizada dos bingos devam ser
levadas a termo pela Receita Federal,
com as devidas implicações criminais, o debate nos meios políticos
não deveria se pautar apenas pela
moralização do sistema de jogo legal.
As denúncias de irregularidades, algumas comprovadas, envolvendo essa atividade são várias e muito sérias:
lavagem de dinheiro, relação com o
narcotráfico internacional, fraudes
fiscais, lobbies criminosos, desvio de
finalidade, favorecimentos políticos.
Essas suspeitas, entretanto, não se
devem apenas a imperfeições nas
normas que permitiram o jogo e na
sua fiscalização. A relação entre jogatina e práticas ilícitas é quase visceral.
Não é tolerável que o financiamento
do esporte nacional se dê a tal preço.
Para dar cabo da farra dos bingos,
acabar já com eles é a solução.
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