São Paulo, Terça-feira, 02 de Novembro de 1999
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ACABAR COM OS BINGOS

Uma só casa de jogo, instalada no Rio Grande do Sul, arrecadou tanto quanto todos os bingos do Estado de São Paulo desde 1998. Essa foi uma das distorções constatadas por estudo do Instituto Nacional do Desporto a partir do balanço da jogatina.
Segundo o relatório do Indesp, arrecada-se nos bingos de São Paulo menos que nos do Piauí e de Alagoas, mesmo sendo bem maior a quantidade de estabelecimentos paulistas. Trata-se de um indício inescapável de irregularidades, para dizer o menos.
Se artifícios como a declaração de valores menores que os de fato apurados servem para sonegar impostos, no caso dos bingos abrem pelo menos uma outra possibilidade de falcatruas. É que, sobre os valores arrecadados, há percentuais que devem ser destinados a entidades esportivas -o objetivo da criação dos bingos era o de fomentar o desporto.
Embora as investigações sobre essa evidência de conduta fraudulenta e generalizada dos bingos devam ser levadas a termo pela Receita Federal, com as devidas implicações criminais, o debate nos meios políticos não deveria se pautar apenas pela moralização do sistema de jogo legal.
As denúncias de irregularidades, algumas comprovadas, envolvendo essa atividade são várias e muito sérias: lavagem de dinheiro, relação com o narcotráfico internacional, fraudes fiscais, lobbies criminosos, desvio de finalidade, favorecimentos políticos.
Essas suspeitas, entretanto, não se devem apenas a imperfeições nas normas que permitiram o jogo e na sua fiscalização. A relação entre jogatina e práticas ilícitas é quase visceral. Não é tolerável que o financiamento do esporte nacional se dê a tal preço. Para dar cabo da farra dos bingos, acabar já com eles é a solução.


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