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São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2003

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O PRESTÍGIO DE LULA

Pesquisa Datafolha publicada hoje por esta Folha mostra que a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva permanece gozando da aprovação dos brasileiros. Embora o percentual daqueles que consideram o governo ótimo ou bom tenha caído de 45% em agosto para os atuais 42%, a oscilação está dentro da margem de erro prevista.
Não é incomum que presidentes obtenham bons índices de popularidade no primeiro ano de mandato. Chama a atenção, porém, no caso de Lula, o fato de que seu governo transcorra num clima de forte restrição econômica -o que é percebido pela população. Não é casual que tenha havido uma elevação de cinco pontos percentuais entre os que acreditam que o desemprego vá aumentar.
As apreensões quanto ao desempenho da economia, no entanto, não têm ainda repercutido de forma significativa no julgamento do governo. É preciso considerar quanto a isso que o forte aperto monetário, com todas as suas consequências deletérias, acabou por superar a crise de confiança que cercou o país no início do ano. A inflação recuou e, com auxílio da conjuntura internacional, houve queda da cotação do dólar e do risco-país, indicadores abundantemente comemorados por setores da mídia e pela propaganda oficial.
Espécie de "última esperança" do eleitorado, Lula parece estar obtendo a paciência que tem solicitado para mostrar resultados. É legítimo crer que seu poder de comunicação com as classes de baixa renda esteja sendo eficaz, apesar de alguns lamentáveis destemperos. É sintomático que a maior queda na aprovação tenha ocorrido exatamente na faixa de renda acima de 10 salários mínimos.
A pesquisa não deixa dúvida de que a imagem de Lula é um trunfo do governo. O desempenho pessoal do presidente é aprovado por 60%, contra os 45% que aprovam sua administração. Num país tão sujeito a surpresas, prognósticos de longo prazo não são recomendáveis. Parece razoável acreditar, porém, que, se a reação da economia tiver efeitos sobre o emprego, Lula ainda poderá manter por mais tempo a boa cotação que seu governo tem alcançado.



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