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São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2003

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VIVER MAIS

A boa notícia é que a esperança de vida do brasileiro ao nascer chegou a 71 anos. É a primeira vez que as projeções superam a casa dos 70 anos. A má nova é que a violência ainda é uma das principais causas a explicar a disparidade na esperança de vida de homens e mulheres. Enquanto elas vivem 74,9 anos em média, eles ficam na marca dos 67,3. A diferença, de 7,6 anos, é superior à média internacional para países em desenvolvimento. Nações comparáveis ao Brasil apresentam uma disparidade da ordem de seis anos.
Em praticamente todos os países do mundo verifica-se o fenômeno da sobremortalidade masculina, que é explicada por uma combinação de fatores biológicos com ambientais. E, quanto mais desenvolvido é o país, maior tende a ser a disparidade. É que doenças típicas da pobreza (como as infecto-parasitárias) matam igualmente homens e mulheres. Já as principais causas de morte nos países ricos (moléstias do coração, cânceres) afetam em maior grau a população masculina.
No caso brasileiro, contudo, é a violência que vem preponderando. Com efeito, a partir dos 15 anos já se observa entre os homens uma maior frequência de mortes por causas externas, que incluem homicídios e acidentes. A maior disparidade ocorre na faixa entre 20 e 25 anos, na qual o risco de o homem morrer é quatro vezes maior que o da mulher.
Se a hipótese da violência é correta, como parece ser, temos também uma razão demográfica para combater essa chaga. Afinal, são normalmente as guerras que levam a desproporções mais significativas entre os sexos. E o Brasil não está em guerra, embora já comece a exibir uma cicatriz demográfica.
Os dados, portanto, reforçam a necessidade de um árduo e urgente trabalho a ser feito no combate aos homicídios, provavelmente mais complexo do que o voltado para reduzir mortes no trânsito. Aqui, o real empenho das autoridades pode fazer grande diferença em pouco tempo.


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