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VIVER MAIS
A boa notícia é que a esperança
de vida do brasileiro ao nascer
chegou a 71 anos. É a primeira vez
que as projeções superam a casa dos
70 anos. A má nova é que a violência
ainda é uma das principais causas a
explicar a disparidade na esperança
de vida de homens e mulheres. Enquanto elas vivem 74,9 anos em média, eles ficam na marca dos 67,3. A
diferença, de 7,6 anos, é superior à
média internacional para países em
desenvolvimento. Nações comparáveis ao Brasil apresentam uma disparidade da ordem de seis anos.
Em praticamente todos os países
do mundo verifica-se o fenômeno da
sobremortalidade masculina, que é
explicada por uma combinação de
fatores biológicos com ambientais.
E, quanto mais desenvolvido é o
país, maior tende a ser a disparidade.
É que doenças típicas da pobreza
(como as infecto-parasitárias) matam igualmente homens e mulheres.
Já as principais causas de morte nos
países ricos (moléstias do coração,
cânceres) afetam em maior grau a
população masculina.
No caso brasileiro, contudo, é a
violência que vem preponderando.
Com efeito, a partir dos 15 anos já se
observa entre os homens uma maior
frequência de mortes por causas externas, que incluem homicídios e
acidentes. A maior disparidade ocorre na faixa entre 20 e 25 anos, na qual
o risco de o homem morrer é quatro
vezes maior que o da mulher.
Se a hipótese da violência é correta,
como parece ser, temos também
uma razão demográfica para combater essa chaga. Afinal, são normalmente as guerras que levam a desproporções mais significativas entre
os sexos. E o Brasil não está em guerra, embora já comece a exibir uma cicatriz demográfica.
Os dados, portanto, reforçam a necessidade de um árduo e urgente trabalho a ser feito no combate aos homicídios, provavelmente mais complexo do que o voltado para reduzir
mortes no trânsito. Aqui, o real empenho das autoridades pode fazer
grande diferença em pouco tempo.
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