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UMA LIÇÃO DE PAZ
Nos últimos três anos, as notícias acerca do conflito israelo-palestino foram as piores possíveis. Desde a retomada da Intifada
palestina, em 2000, o que vem dando
o tom do noticiário são homens-bomba, atentados contra civis inocentes, violenta repressão, assassinatos seletivos. O Acordo de Genebra,
lançado oficialmente ontem, é um
alento nesse cenário.
Em princípio, essa iniciativa de paz
tem valor apenas simbólico. Elaborada por palestinos moderados, como o ex-ministro da Informação Iasser Abed Rabbo, e por israelenses da
oposição, como o ex-ministro da
Justiça Yossi Beilin, o plano pretende
resolver até os detalhes de um acerto
final de paz. Os autores não se furtaram a tentar resolver questões polêmicas, como o estatuto de Jerusalém
(que ambos os lados reivindicam como capital) e o direito de retorno de
refugiados palestinos e seus descendentes a propriedades que possuíam
no que é hoje Israel (ponto que levou
ao colapso das negociações em
2000). O acordo chega até a tratar das
fronteiras entre os dois Estados.
Como não poderia deixar de ser, a
iniciativa de Genebra exigiu amplas
concessões das duas partes. Um
exemplo: os palestinos ficariam com
a maior parte de Jerusalém, mas abririam mão do direito de retorno.
As boas notícias acabam aqui, pois
são diminutas as chances de a proposta ser implementada. O premiê
de Israel, Ariel Sharon, por exemplo,
qualifica o plano de "subversivo".
Entre os palestinos, a situação é um
pouco melhor. O líder Iasser Arafat
não chegou a apoiar oficialmente o
acordo, mas ao menos enviou uma
delegação a Genebra. O problema é
que parte do grupo político do próprio Arafat (sem mencionar as facções extremistas) já deixou claro que
não aceitará o plano. Considera as
concessões excessivas.
Ficará, no entanto uma lição do
Acordo de Genebra: com vontade de
negociar, a paz pode ser possível.
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