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São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2003

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UMA LIÇÃO DE PAZ

Nos últimos três anos, as notícias acerca do conflito israelo-palestino foram as piores possíveis. Desde a retomada da Intifada palestina, em 2000, o que vem dando o tom do noticiário são homens-bomba, atentados contra civis inocentes, violenta repressão, assassinatos seletivos. O Acordo de Genebra, lançado oficialmente ontem, é um alento nesse cenário.
Em princípio, essa iniciativa de paz tem valor apenas simbólico. Elaborada por palestinos moderados, como o ex-ministro da Informação Iasser Abed Rabbo, e por israelenses da oposição, como o ex-ministro da Justiça Yossi Beilin, o plano pretende resolver até os detalhes de um acerto final de paz. Os autores não se furtaram a tentar resolver questões polêmicas, como o estatuto de Jerusalém (que ambos os lados reivindicam como capital) e o direito de retorno de refugiados palestinos e seus descendentes a propriedades que possuíam no que é hoje Israel (ponto que levou ao colapso das negociações em 2000). O acordo chega até a tratar das fronteiras entre os dois Estados.
Como não poderia deixar de ser, a iniciativa de Genebra exigiu amplas concessões das duas partes. Um exemplo: os palestinos ficariam com a maior parte de Jerusalém, mas abririam mão do direito de retorno.
As boas notícias acabam aqui, pois são diminutas as chances de a proposta ser implementada. O premiê de Israel, Ariel Sharon, por exemplo, qualifica o plano de "subversivo". Entre os palestinos, a situação é um pouco melhor. O líder Iasser Arafat não chegou a apoiar oficialmente o acordo, mas ao menos enviou uma delegação a Genebra. O problema é que parte do grupo político do próprio Arafat (sem mencionar as facções extremistas) já deixou claro que não aceitará o plano. Considera as concessões excessivas.
Ficará, no entanto uma lição do Acordo de Genebra: com vontade de negociar, a paz pode ser possível.


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