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CLAUDIA ANTUNES
A Previdência e a academia
RIO DE JANEIRO - Na entrevista a Fernando de Barros e Silva e Rafael
Cariello, publicada no último sábado, o filósofo Ruy Fausto foi talvez o
primeiro intelectual uspiano ouvido
pela Folha a reconhecer que existem
méritos na reforma da Previdência.
A partir de uma posição social que
qualifica de privilegiada -a dos
professores de grandes universidades
públicas perto da aposentadoria-,
Fausto critica seus pares que rejeitaram em bloco a mudança constitucional em tramitação no Congresso.
"A reforma da Previdência teria de
ser seriamente discutida. Deveria ter
sido apoiada na questão dos juízes.
Idem na modificação dos prazos para a aposentadoria. Os tetos poderiam ser mais altos", disse.
A posição do filósofo retoma o debate travado em meados do ano no
Rio, durante a greve das universidades públicas contra a reforma. A paralisação teve adesão parcial e vida
curta em parte devido à mobilização
de professores da UFRJ e da UFF, as
duas maiores federais do Estado, que
lançaram um documento opondo-se
à recusa dos líderes grevistas de negociar o projeto do governo.
"Não podemos ignorar cegamente
o fato de que a Previdência pública
necessita ser, pelo menos, rediscutida, e não simplesmente conservada.
Logo, recusamos um movimento
universitário para o qual a única
perspectiva é a conservação do status
quo", dizia o abaixo-assinado.
Na academia, os que se opõem à reforma afirmam que seu objetivo
maior é reforçar o ajuste fiscal à custa do funcionalismo. Argumentam
também que ameaça a qualidade do
ensino superior e o modelo previdenciário público e universal consagrado pela Constituição de 1988.
Mas, ainda que o Estado brasileiro
nadasse em dinheiro, há mudanças
na Previdência dos servidores que
são questão de bom senso e justiça.
Entre elas, a elevação da idade para
a aposentadoria, a exigência de tempo mínimo no serviço público e a
contribuição dos inativos -pela
qual os aposentados passarão a ganhar o mesmo que recebem na ativa,
e não mais, como acontece hoje.
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