São Paulo, quinta-feira, 02 de dezembro de 2004

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TEMPO DE VIDA

A boa notícia é que a esperança de vida do brasileiro ao nascer continua subindo e, em 2003, chegou a 71,3 anos. A principal razão para o aumento são os avanços no combate à mortalidade infantil. A má nova é que a violência segue como fator que impede o país de obter resultados ainda mais expressivos. É também uma das principais causas a explicar a disparidade na esperança de vida de homens e mulheres.
Enquanto elas vivem 75,6 anos em média, eles ficam na marca dos 67,6. A diferença, de oito anos, é superior à média internacional para países em desenvolvimento. Nações comparáveis ao Brasil apresentam uma disparidade da ordem de seis anos.
Em praticamente todos os países do mundo verifica-se o fenômeno da sobremortalidade masculina, que é explicada por uma combinação de fatores biológicos e ambientais. E, quanto mais desenvolvido é o país, maior tende a ser a disparidade. É que doenças típicas da pobreza (como as infecto-parasitárias) matam igualmente homens e mulheres. Já as principais causas de morte nos países ricos, como moléstias cardiovasculares e cânceres, afetam em maior grau a população masculina.
No caso brasileiro, contudo, é a violência que vem preponderando. Com efeito, a partir dos 15 anos já se observa entre os homens uma maior freqüência de mortes por causas externas, que incluem homicídios e acidentes automobilísticos. A maior disparidade ocorre na faixa entre os 20 e os 25 anos.
Normalmente, são eventos extraordinários como guerras que levam a desproporções significativas entre os sexos na faixa das pessoas mais jovens. O Brasil não está em guerra, embora já comece a exibir esse tipo de desequilíbrio que especialistas chamam de cicatriz demográfica.
Os dados, portanto, reforçam a necessidade de um árduo e urgente trabalho a ser feito no combate às mortes por causas externas.


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