São Paulo, terça, 3 de fevereiro de 1998

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Painel do leitor

Acima de qualquer suspeita
"O caso das deputadas 'gazeteiras' e seus colegas ofendidos mostra uma triste realidade: grande parte de nossos políticos se acha acima das leis que produzem.
Se um trabalhador, de qualquer empresa privada, bater o ponto e for embora, além de ter seu dia descontado, perderá o descanso semanal remunerado e correrá sério risco de ser demitido. Já nossos deputados se acham no direito de se sentir ofendidos e perseguidos. A realidade é que se essas senhoras estivessem fazendo aquilo para o qual são muito bem pagas, em vez de passear durante o horário de trabalho, essa tal 'perseguição' não aconteceria. Caros deputados, façam como a maioria dos brasileiros: trabalhem!"
Paulo Sérgio de Carvalho Araujo (Santos, SP)

"Solidarizo-me com a nobre deputada federal Maria Elvira (PMDB-MG) por ocasião do recente episódio da visita de algumas parlamentares ao parque ecológico da Chapada dos Veadeiros (GO). Parece que a onda do momento, a globalização, atingiu também a imprensa, no que ela tem de mais perverso.
Nos EUA, dá-se a histeria do denuncismo sexual contra o presidente Bill Clinton, o que, em primeira análise, parece o Estado de Direito levado ao paroxismo, ao exagero. Aqui no Brasil, as deputadas, em viagem notadamente oficial, são tachadas pela imprensa de 'gazeteiras', alcunha que pode macular irremediavelmente suas reputações.
Ou a imprensa busca o equilíbrio ou, irremediavelmente, cairá no descrédito total perante a população."
José Kennedy 'Kendão' Ribeiro, vice-prefeito municipal (Lagoa da Prata, MG)

Pedágio urbano
"Gostaria de cumprimentar a Folha pelo editorial 'Pedágio nas ruas de SP', publicado na pág. 1-2 (Opinião) em 1/2. Entre outros motivos, o trânsito em São Paulo é uma das causas do péssimo padrão de vida da cidade, que espanta investimentos e compromete seu futuro.
Não existe nada mais cômodo na vida de uma pessoa do que apanhar o carro na garagem de sua casa e estacioná-lo na garagem de seu escritório. É um mito achar que transporte público eficiente venha a substituir o transporte individual, voluntariamente. O pedágio urbano é a única solução e viria a ter as seguintes consequências:
1) melhoraria significativamente a qualidade do ar que respiramos; 2) reduziria os tempos de deslocamentos de todos (principalmente dos usuários de ônibus); 3) reduziria o custo do transporte público. Maior velocidade dos ônibus faria com que a necessidade da frota e de motoristas e cobradores seja menor para o mesmo número de passageiros transportados; 4) o pedágio geraria recursos para a construção do metrô e de outros transportes públicos.
São Paulo com pedágio urbano seria mais agradável e civilizada."
Igor Cornelsen (São Paulo, SP)

Lei ambígua
"A nova lei ambiental é uma faca de dois gumes quando diz que 'aquele que mata a caça para comer não será punido'. O maior destruidor de nossa fauna é o homem que mora no campo. Com essa lei, ele irá caçar impunemente, apesar de a grande maioria possuir criações de galinhas e porcos e plantações de arroz, feijão e milho.
Vê-se que quem incluiu tal aberração na lei não tem qualquer vivência do assunto. Todos os flagrados vão certamente alegar fome e, assim, ficar livres para matar."
Newton Costa (São Paulo, SP)

Educação
"A série sobre Educação, iniciada pela Folha em 1/2, é exemplo do trabalho jornalístico em benefício do debate de temas cruciais para o país, contribuindo para a solução dos problemas que afetam as nossas crianças e adolescentes."
Marco Túlio Alencar, coordenador de Projetos da ANDI - Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Brasília, DF)

Abuso de autoridade
"Uma sugestão: nas repercussões que os jornais estão mostrando em relação à aplicação do novo Código Nacional de Trânsito há um aspecto sobre o qual quase não se falou e que acho da maior importância: o total abandono do cidadão comum em face das arbitrariedades cometidas por certos policiais de trânsito, marronzinhos e afins. Imagine agora, com o respaldo de um código draconiano!"
Marinete Veloso (Brasília, DF)

Velocidade proibida
"As estradas brasileiras, na sua maioria, foram construídas por uma engenharia que calculava um limite máximo de velocidade de 80 km por hora. Ultrapassar essa velocidade tem sido a maior causa de mortes. De nada adianta encher o carro de equipamentos se o vetor velocidade supera a capacidade centrípeta da pista, geralmente esburacada, escorregadia, irregular, velha, sem camadas subterrâneas adequadas, estreita e lisa."
Paulo Ramos Derenbgoski (Lages, SC)

Aposentadoria precoce
"Neste momento, em que vemos o governo usando seu rolo compressor para aprovar de qualquer maneira a reforma da Previdência, gostaria de ver a grande imprensa brasileira -principalmente a Folha, que leio todos os dias- esclarecer à sociedade a verdade sobre a aposentadoria do ministro Reinhold Stephanes.
Segundo consta, por trás desse paladino, pseudodefensor de uma Previdência moralizada, está um hipócrita, aposentado precocemente, e um aproveitador das 'benesses' que a legislação atual lhe ofereceu e que hoje ele critica e quer mudar."
Antonio Donizeti Barriviera (Marechal Cândido Rondon, PR)



Parque de diversão
"Em 18/11 o governo federal baixou uma portaria que regula o Imposto de Importação. No cabeçalho dessa portaria, o sr. ministro da Fazenda, Pedro Malan, diz que, com o objetivo de 'manter o ritmo dos investimentos necessários para a modernização do parque industrial brasileiro, resolve' reduzir a alíquota do Imposto de Importação para máquinas e equipamentos, mostrando a listagem de todas as máquinas. Ao final, temos 'tobogã aquático com infláveis, bóias circulares e alças de segurança (para parque aquático) e dois tipos de montanha-russa, com e sem looping (para parque de diversões). Acredito que o sr. ministro não saiba a diferença entre parque aquático, parque de diversões e parque industrial. Caro amigo, está difícil de digerir!!!"
João Alberto dos Santos Silva (Santos, SP)

Presos políticos
"Parabéns ao governador Mário Covas pelo decreto nş 42.789, que resgata os direitos de funcionários públicos demitidos por motivos políticos. Na qualidade de advogada de dezenas de perseguidos políticos, em nome deles, quero congratular o sr. governador por realizar mais um ato de justiça."
Paula Sapir Febrot, membro da ABAP - Associação Brasileira de Anistia dos Políticos e do ULAM - União Latino Americana de Mulheres (São Paulo, SP)



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