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DEFLAÇÃO DE ATIVOS
As Bolsas de Valores dos países
desenvolvidos (G-7) acumulam grandes quedas nos dois primeiros meses de 2003. O índice da Bolsa
de Frankfurt lidera a desvalorização,
com perdas acima de 13%. Esses resultados exacerbam o processo de
deflação dos ativos mobiliários desencadeado pela queda na lucratividade esperada das corporações e pela explosão da bolha especulativa no
mercado de ações de alta tecnologia
(Nasdaq). Bolha especulativa porque
deslocada de quaisquer fundamentos econômicos, como a relação preço/lucro das ações.
De acordo com a Federação Internacional das Bolsas de Valores, o nível de capitalização -que resulta da
multiplicação do número de ações
pelo seu preço- das bolsas americanas caiu de US$ 17,6 trilhões, em
março de 2000, para US$ 11 trilhões,
em dezembro de 2002. Isso significa
uma desvalorização de US$ 6,6 trilhões. A mesma tendência ocorreu
nas demais grandes Bolsas (Tóquio,
Frankfurt e Londres). O nível de capitalização das Bolsas mundiais se reduziu de US$ 36,3 trilhões para US$
22 trilhões no mesmo período, resultando em uma destruição de riqueza
de US$ 14,3 trilhões, 46% nos EUA.
Essa desvalorização dos estoques
de riqueza financeira afeta a base de
capital das empresas, os níveis relativos de endividamento e a propensão
ao consumo das famílias. Podem desencadear a necessidade de reforço
das garantias em operações de financiamento e, no limite, a restrição de
acesso ao crédito. Para o sistema
bancário, podem impor a necessidade de capitalização adicional ou redução dos riscos de suas operações,
para atender ao Acordo de Basiléia.
Diante da destruição desse estoque
fabuloso de riqueza e do ainda elevado nível de capacidade ociosa em alguns segmentos, as corporações paralisam suas estratégias de investimento e a contratação de novos empregados. A ameaça de ataque militar dos EUA ao Iraque amplifica as
incertezas nos horizontes dos agentes econômicos, tornando a perspectiva de recuperação do crescimento
econômico cada vez mais incerta.
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