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CONTRA A CORRENTE
Contrariando o estereótipo
segundo o qual políticos hoje
não decidem nada sem antes examinar as pesquisas de opinião pública,
quatro líderes ocidentais estão desafiando as preferências das populações de seus países e apóiam uma intervenção militar no Iraque. Eles são:
Tony Blair (Reino Unido), José Maria
Aznar (Espanha), Silvio Berlusconi
(Itália) e John Howard (Austrália).
As pesquisas mostram que britânicos, espanhóis, italianos e australianos são esmagadoramente contra o
conflito. Não é à toa que foi nesses
países que ocorreram algumas das
maiores manifestações populares
contra a guerra.
Existem certas características comuns a esses líderes. À exceção de
Blair, que é nominalmente um trabalhista, eles pertencem todos a partidos ou coalizões conservadores, assim como George W. Bush. Eles
também partilham o fato de enfrentarem oposições bastante desarticuladas. A exceção, neste caso, fica por
conta da Espanha, onde a posição de
Aznar em relação ao Iraque vem melhorando o desempenho dos socialistas nas pesquisas de opinião.
É preciso reconhecer que esses líderes são corajosos, pois não é fácil
para um político enfrentar a impopularidade, mas é preciso dizer que a
aposta que fazem não é irracional.
Em primeiro lugar, nunca é despropositado ficar do lado da nação mais
poderosa do planeta. E aliar-se aos
EUA agora é também uma forma de
credenciar-se para receber uma parte
do butim petrolífero iraquiano, depois da derrota de Saddam Hussein.
No fundo, Blair, Aznar, Berlusconi
e Howard contam que a guerra será
rápida e "limpa". É possível até que
os soldados da coalizão anti-Saddam
sejam recebidos pela população iraquiana como libertadores e não como invasores, hipótese em que o
atual dano à imagem das lideranças
se converteria em ganho.
A aposta, de todo modo, é arriscada. Qualquer revés militar ou atrocidade cometida contra civis iraquianos poderá reabilitar a oposição.
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