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São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Gastos da Câmara
"O senhor deputado João Paulo Cunha (do PT, quem diria!) vem nos dizer que o aumento de R$ 9.200,00 para os senhores deputados "é necessário" porque é "quase uma unanimidade" entre os parlamentares. Primeiro gostaria de dizer que isso não me surpreende, pois quando é que aumento de salário não é unanimidade? Necessário? Também é necessário dinheiro para acabar com a fome, é necessário dinheiro para salvar a Previdência, é necessário dinheiro para aumentar essa vergonha nacional que é o salário mínimo. Tudo isso também é necessário. No entanto, não vejo tanto empenho assim dos representantes do povo. Quando a gente pensa que a ética finalmente vai imperar neste país, vêm os senhores deputados com uma imoralidade dessas. Quem poderá nos salvar agora? Antes tínhamos o PT do lado do povo, agora nem isso."
Otavino Candido de Paula Neto (Cotia, SP)

Sacrifício isolado
"O sacrifício de ACM no altar da ética e da moralidade lembra aqueles rituais pagãos em que, de tempos em tempos, uma vítima era conduzida à pira purgatória para aplacar a ira dos deuses. A tribo crédula acreditava piamente que aquilo purificaria o sangue da raça, redimiria todos os seus pecados, traria bons fluídos, muita chuva e boa colheita. Enquanto isso, os sábios sacerdotes e as misteriosas vestais continuavam praticando seus ritos esotéricos em templos quase divinos. Qualquer semelhança é mera semelhança."
Hermínio Silva Júnior (São Paulo, SP)

Holofotes
"Vendo a foto do ex-deputado José Carlos Gratz (Brasil, 1/3, pág. A5) ao lado de membros da Polícia Federal com caras de Rambo, um deles com um enorme e moderno rifle e outro com uma pistola na cintura, lembrei-me de imagens semelhantes de tempos atrás. Jader Barbalho, Salvatore Cacciolla, Paulo César Farias, o juiz Nicolau dos Santos Neto e tantos mais. Nada a favor dos envolvidos em transgressões de leis e costumes, muito pelo contrário. Pondero o seguinte: qual o motivo de tanto gosto por operações espalhafatosas, ostentação de "otoridade" e visível procura por luzes e câmeras? Seria prudente uma revisão de conceitos e dos métodos e aparatos caipiras. Tudo circo, narcisismo. No fim, vira pizza. Ou não?"
Lucio Flavio Pereira (São Paulo, SP)

Causas da violência
"Seria cômico, não fosse trágico, assistir aos inócuos esforços da sociedade organizada para conter a criminalidade cada vez maior e mais ousada, que se alimenta do desemprego galopante e da miséria que se alastra, a ponto de o tráfico chegar a ser o melhor empregador do país para quem não tem no horizonte nenhuma esperança de trabalho lícito. A sociedade, por sua vez, brada os chavões do esquadrão da morte, numa tentativa desesperada de jogar a culpa para os "Beira-Mares", que são, sabidamente, a ponta do iceberg de corrupção que corrói as instituições brasileiras. Proibir as drogas é alimentar o tráfico, que vai muito bem, obrigado."
Mário Henrique Ditticio (São Paulo, SP)

Militares no Rio
"Muito se tem discutido, nos últimos dias, sobre a mobilização das Forças Armadas para auxiliar a polícia no combate ao crime. A despeito de as autoridades da área de segurança insistirem em que o combate ao crime é função da polícia, a onda de violência que se instaurou no Rio de Janeiro já assumiu proporções de uma verdadeira guerrilha urbana. O combate à guerrilha, todos nós sabemos, é função das Forças Armadas. Hoje é o Rio de Janeiro. Amanhã, se nada for feito, serão as demais capitais do país."
Gustavo Garnett Neto (Campinas, SP)
 
"A volta do Exército em patrulhamento às ruas do Rio, determinada pelo presidente da República, é absolutamente compreensível, mas é bom lembrar que o PT e a esquerda sempre foram contra esse tipo de iniciativa, mesmo em situações críticas como agora. As Forças Armadas não estão habilitadas para tal, exceto em casos específicos constitucionais. O problema do narcotráfico passou dos limites, todavia aqui não é a Colômbia. É preciso investir nas Forças Armadas, mas não desse modo. Não seria a hora de o governo do PT investir no aparelho policial, além de procurar concentrar mais as Forças Armadas nas fronteiras? A culpa não é do PT, mas este poderá ser responsabilizado amanhã."
João Diogenes Caldas Salviano (Recife, PE)

Hora da reforma
"A reforma tributária começou quente. É um teste de fogo alterar a estrutura de arrecadação do ICMS. Não poderia ser melhor, vai mexer no bolso e nos privilégios dos Estados que até agora foram os grandes beneficiários do sistema de imposto em cascata. A proposta de unificação da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços é um verdadeiro grito de independência contra a interminável guerra fiscal. Há muito tempo, o ICMS precisava de uma legislação nacional que viesse acabar com a guerra fiscal. Agora resta saber se o local de cobrança do imposto será no Estado produtor ou no Estado de destino da mercadoria. Os governadores dos Estados mais industrializados defendem a cobrança na origem para manter suas receitas. Já as unidades mais pobres da federação, que são compradoras, reivindicam a taxação no destino para ganhar em arrecadação. Aprovo a unificação porque, como consumidor final, pagarei menos imposto."
José Batista de Carvalho Filho (Campinas, SP)

Publicidade externa
"Eu gostaria de saber qual teria sido a atitude da prefeita Marta Suplicy, a respeito da lei de anúncios externos, se ela não morasse em um dos mais privilegiados bairros da cidade, sempre protegido contra as agressões a que a cidade está exposta (entre elas, a poluição visual). Será que ela aprovaria o projeto? Será que ela gostaria de ter, à sua volta, outdoors cada vez maiores, cartazes iluminados e todo o tipo de lixo visual?"
Maria Thereza Martins (São Paulo, SP)

Herança presidencial
"Em Washington, Fernando Henrique Cardoso disse que Lula "tomou as medidas que tomou porque não tinha caminhos". Lógico, FHC só deixou aberto, no país, o caminho que o levou ao aeroporto. O resto, fechou tudo, com uma política econômica devastadora e predatória que fez a festa de banqueiros e especuladores daqui e de fora. Parabéns, FHC, por tão poucas e tão sábias palavras."
Wilson Gonsalez (Garça, SP)

Governo Lula
"Quero parabenizar a Folha por seu trabalho jornalístico e dizer que discordo dos leitores que acham que este jornal só critica o governo Lula. Mesmo que não tivéssemos acesso à imprensa, bastaria sairmos às ruas para constatar, nos aumentos dos preços das mercadorias e no índice crescente e apavorante da violência, entre tantas outras coisas, a incompetência, o despreparo ou a indiferença de todos os nossos governantes. O que o presidente está esperando para cumprir suas promessas de campanha relativas a segurança? Por que ele não se pronunciou a respeito dos aumentos para a verba dos gabinetes dos deputados? Em vez disso, fica em Brasília planejando a melhor maneira de tirar dinheiro do povo. A realidade está aí para todo mundo ver."
Fátima Brunet (Rio de Janeiro, RJ)


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