|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Abraço de afogados
BRASÍLIA - No início do ano, quando as pesquisas começaram a indicar a
recuperação de Lula, mas não ainda
o seu crescimento seguro, gradual e
nada lento, tucanos e pefelistas desdenhavam os índices positivos do
presidente. Argumento: ele subiria no
Nordeste e nas faixas C, D e E, mas
como compensaria os milhões de votos perdidos no Sudeste, especialmente em São Paulo, com quase 23% dos
eleitores do país?
O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, enfatizava os altos índices
de rejeição de Lula entre os mais esclarecidos em redutos como São Paulo, Santa Catarina e Paraná e ironizava: "Vai tirar essa diferença de onde?". Poderia acrescentar: "Do Amapá, do Maranhão, de Alagoas?", em
referência nada sutil aos pequenos
Estados comandados pelos peemedebistas Sarney e Renan Calheiros.
Março chegou e, com ele, a pesquisa
Ibope mostrando Lula empatado
com o candidato tucano justamente
em São Paulo, seja ele o prefeito Serra
ou o governador Alckmin. Nas duas
simulações, Lula aparece com 32%.
Ou seja: não precisa compensar perdas paulistas, simplesmente porque
elas estão deixando de existir. Quem
tinha abandonado Lula pode estar
fazendo o caminho de volta.
Talvez esse tenha sido o mais duro
golpe na aliança PSDB-PFL e na sua
pretensão de ganhar de Lula, que
vem num crescente de exposição e de
boas notícias para a população. E,
quando são ruins, caso maior do
crescimento vexaminoso de 2,3%, esconde-se no dia certo, na hora certa.
Some-se a isso a outra parte da pesquisa, sobre o governo de São Paulo:
Quércia perde de Marta e ganha de
Mercadante. Para Fleury (PTB), "isso só mostra o enorme vazio que existe, a falta de candidaturas colocadas". Mas o vazio é do PSDB, que só
se destaca com Alckmin disputando o
Senado com Suplicy.
Tucanos continuam nas nuvens,
voando. Nem boas nem más notícias,
apenas indecisão, desencontros, provocações, ninguém mais se entende.
É assim que se constroem derrotas.
@ - elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Paraíso, inferno, paraíso Próximo Texto: Rio de Janeiro - Nelson Motta: O jogo da vida Índice
|