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ELIANE CANTANHÊDE
Ponto para o governo
BRASÍLIA - O dólar caiu, a Bolsa subiu, e o risco Brasil está pela primeira vez abaixo de mil pontos desde maio
de 2002. Tudo por que o Babá, a Luciana Genro e o Lindberg Faria decidiram votar com o governo?
Talvez sim, talvez não. Mas o fato é
que não dá para brincar de ser governo sendo governo. É isso que Lula,
seus ministros, a cúpula do PT e até
os radicais começam a aprender.
Ao assumir, Lula tinha de desfazer
três dogmas: ele não teria dimensão
para representar o país no exterior, e
o PT nem seria responsável pela condução econômica nem teria sólida
maioria no Congresso. Risco: a economia ir para o espaço.
Lula não só foi saudado pela comunidade internacional como vive de tititi com Jacques Chirac e Gerhard
Schröder. Antonio Palocci Filho segurou direitinho a onda juvenil na economia. E ontem, na votação do artigo 192 da Constituição, o PT mostrou
união interna, e o governo, maioria
no Congresso. Ponto para Lula.
Os novos passos são as reformas da
Previdência e tributária, que irão para o Congresso neste mês. O 192, do
sistema financeiro, é abstrato e focalizado. Mas a questão tributária mexe com governadores e prefeitos, e a
previdenciária remexe os interesses
de cidadãos e corporações.
O que farão Babá, Luciana Genro e
Lindberg Faria, além da senadora
Heloísa Helena, que anda quieta ultimamente? Se for para apostar, eles
vão continuar falando contra, mas,
no final, votando a favor.
Primeiro, faz parte da personalidade do PT. Depois, eles querem marcar
posição de esquerda, mas dentro do
partido. Em terceiro, baixou o centralismo democrático em Lula, encarnado em Dirceu e Zé Genoino. Ou
alguém quer brincar de esquerda no
PSTU ou no PCO?
Lucram Lula, o PT e o país. Radicais fazem um bem danado quando
dizem tudo que os moderados e o poder às vezes até pensam, mas não dizem. O problema é quando, além de
dizer, eles fazem contra. O lema do
Lulinha paz e amor é: "Digam o que
quiserem, mas façam o que eu mando e faço". Senão? O pau come.
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