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São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Ponto para o governo

BRASÍLIA - O dólar caiu, a Bolsa subiu, e o risco Brasil está pela primeira vez abaixo de mil pontos desde maio de 2002. Tudo por que o Babá, a Luciana Genro e o Lindberg Faria decidiram votar com o governo?
Talvez sim, talvez não. Mas o fato é que não dá para brincar de ser governo sendo governo. É isso que Lula, seus ministros, a cúpula do PT e até os radicais começam a aprender.
Ao assumir, Lula tinha de desfazer três dogmas: ele não teria dimensão para representar o país no exterior, e o PT nem seria responsável pela condução econômica nem teria sólida maioria no Congresso. Risco: a economia ir para o espaço.
Lula não só foi saudado pela comunidade internacional como vive de tititi com Jacques Chirac e Gerhard Schröder. Antonio Palocci Filho segurou direitinho a onda juvenil na economia. E ontem, na votação do artigo 192 da Constituição, o PT mostrou união interna, e o governo, maioria no Congresso. Ponto para Lula.
Os novos passos são as reformas da Previdência e tributária, que irão para o Congresso neste mês. O 192, do sistema financeiro, é abstrato e focalizado. Mas a questão tributária mexe com governadores e prefeitos, e a previdenciária remexe os interesses de cidadãos e corporações.
O que farão Babá, Luciana Genro e Lindberg Faria, além da senadora Heloísa Helena, que anda quieta ultimamente? Se for para apostar, eles vão continuar falando contra, mas, no final, votando a favor.
Primeiro, faz parte da personalidade do PT. Depois, eles querem marcar posição de esquerda, mas dentro do partido. Em terceiro, baixou o centralismo democrático em Lula, encarnado em Dirceu e Zé Genoino. Ou alguém quer brincar de esquerda no PSTU ou no PCO?
Lucram Lula, o PT e o país. Radicais fazem um bem danado quando dizem tudo que os moderados e o poder às vezes até pensam, mas não dizem. O problema é quando, além de dizer, eles fazem contra. O lema do Lulinha paz e amor é: "Digam o que quiserem, mas façam o que eu mando e faço". Senão? O pau come.


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