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CLÓVIS ROSSI
PT e Síndrome de Estocolmo
SÃO PAULO - O PT parece ter contraído a Síndrome de Estocolmo:
apaixonou-se por seus captores.
Como se sabe, a eleição brasileira
de 2002 foi capturada pelos tais agentes de mercado, seguindo a previsão
de seu maior guru, George Soros, para quem ou ganhava José Serra ou viria o caos.
O caos veio, na forma de aumentos
desmedidos do dólar (e, por extensão,
da inflação) e do risco-país.
O PT, ao perceber que poderia ser
morto pelos seus captores se ganhasse
a eleição, tratou de apaziguá-los com
a edição da "Carta ao Povo Brasileiro", na qual se comprometia a jogar o
jogo de acordo com as regras vigentes
até então apesar de ter passado a vida condenando-as.
Até aí, vá lá. A situação era mesmo
difícil e qualquer movimento em falso poderia representar a morte.
Mas não era preciso cair de amores
pelos carcereiros. Até o discurso do
PT assimilou a linguagem dos captores. Risco-país passou a ser uma obsessão, como se dos gráficos do JP
Morgan dependesse a felicidade nacional bruta, o que é tolice.
O dado mais simbólico da Síndrome de Estocolmo é o fato de até Luiz
Inácio Lula da Silva ter festejado a
informação (falsa) de que foi o presidente mais aplaudido em Davos. Não
foi. Só eu, que nem estive em todos os
encontros de Davos, já vi Bill Clinton
e Nelson Mandela, pelo menos, serem
mais aplaudidos.
Não importa. Importa que Lula se
deslumbrou com o aplauso de quem
representa (ou representava?), na
simbologia petista, a antítese de tudo
o que o partido gostaria de fazer
quando chegasse ao poder.
Outro dado igualmente relevante é
que o PT, para agradar aos captores,
está produzindo um superávit fiscal
superior ao resgate por eles pedido.
Esquece que o amor aos carcereiros é
unilateral: na hora em que o PT tentar fugir, se é que vai tentar algum
dia, será alvejado da mesma maneira que o seria se tivesse tentado fugir
desde o primeiro dia.
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