São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2006

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IMIGRANTES NOS EUA

Os debates em torno de uma nova lei de imigração dividem os EUA. Republicanos da Câmara aprovaram um projeto bastante duro, que transforma a imigração ilegal em crime federal, tornando mais fácil prender e deportar estrangeiros irregulares. Pela proposta, qualquer americano que contrate ilegais ou os proteja também seria punido. Outro ponto do projeto é a construção de um muro na fronteira sul do país, para impedir mexicanos de entrar.
Os deputados republicanos não inventaram uma legislação tão draconiana do nada. Ela é a resposta bruta a um problema concreto que desperta os temores de número cada vez mais elevado de norte-americanos. Os imigrantes ilegais nos EUA já somam 11 milhões. São acusados de tirar empregos de americanos, reduzir seus salários, promover o crime e beneficiar-se de programas sociais.
Felizmente, nem todos nos EUA participam dessa visão preconceituosa. Houve reações da sociedade civil à proposta da Câmara. Os senadores, mais razoáveis, apresentaram um projeto alternativo de lei de imigração, que também reforça a vigilância nas fronteiras e facilita a deportação de ilegais, mas evita os piores exageros do texto concorrente.
Mais importante, os senadores propõem que os estrangeiros que já estejam irregularmente nos EUA possam legalizar sua situação e até obter a cidadania, se cumprirem uma série de exigências. O projeto do Senado, ainda em tramitação, já provocou a ira de republicanos mais conservadores, que vêem o mecanismo de legalização como uma anistia.
O presidente George W. Bush, que vem defendendo uma legislação mais generosa, está em maus lençóis. Se apoiar o projeto da Câmara, estará contradizendo suas próprias declarações. Se voltar-se para a proposta do Senado, mais identificada com os democratas, poderá estar comprando uma briga fatal com os republicanos mais radicais, grupo ao qual deve sua eleição. Para tornar tudo mais dramático, esse é um ano eleitoral, no qual parte da Câmara e do Senado será renovada.


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