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RETROCESSO NO SENADO
Foi lamentável a decisão da
Mesa do Senado Federal, por 5
votos a 2, de abortar o processo que
levaria ao plenário da Casa o julgamento sobre a manutenção ou a perda do mandato de Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA). Trata-se de um
retrocesso na trajetória recente de
abertura da corporação dos senadores aos reclamos éticos da sociedade.
O próprio ACM, no ano passado,
não resistiu a esse processo. Envolvido num caso de quebra do sigilo de
voto, foi obrigado a renunciar a seu
mandato para evitar ser cassado, seguindo o que fizera o ex-líder do governo na Casa José Roberto Arruda.
Nem bem assumiu um novo mandato no Senado, conquistado nas eleições de outubro, ACM se viu às voltas
com um novo escândalo, associando
seu nome ao caso das dezenas de escutas telefônicas feitas contra adversários do senador na Bahia.
O Conselho de Ética do Senado voltou a abrir investigação contra ACM,
que, afinal, reincidia num caso grave
de quebra de decoro. O relatório final
aprovado pela comissão recomendou a cassação de seu mandado.
O presidente do Senado Federal,
José Sarney (PMDB-AP), já deu mostras de que não concorda com a punição extrema a ACM. O problema
foi ter usado o seu poder como presidente para, com a anuência de outros
quatro integrantes da Mesa, fazer valer a sua opinião. O plenário do Senado é o colegiado mais adequado para
decidir sobre a manutenção ou não
do mandato de um colega.
Para que esse retrocesso nos procedimentos éticos do Senado não se
torne fato consumado, é imprescindível que os senadores aprovem um
recurso derrubando a decisão da Mesa. Que a sorte de ACM, reincidente
num escândalo grave, seja decidida
pelo conjunto de seus pares, e não
pela deliberação de cinco deles.
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