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MAU COMEÇO
Começou mal a implementação do novo plano de paz para
o Oriente Médio. O "mapa do caminho", como foi batizada a nova proposta, foi apresentada na quarta-feira. Na própria quarta, um terrorista
suicida palestino explodiu a si mesmo num clube noturno de Tel Aviv
(Israel), matando mais três pessoas e
ferindo outras 50. Na quinta, uma incursão do Exército israelense na cidade de Gaza matou 12 palestinos,
incluindo uma criança de dois anos.
Essas ações revelam bem a disposição dos dois lados para celebrar a
paz. E falta de empenho das partes
está longe de ser o único obstáculo
para a retomada das negociações.
O "mapa do caminho", patrocinado pelos EUA, pela União Européia,
pela Rússia e pela ONU, já nasce desequilibrado. Enquanto exige da nova liderança palestina, o premiê
Mahmoud Abbas, também chamado de Abu Mazen, a tarefa quase impossível de desmantelar os grupos
terroristas, requer de Israel que pare
de construir assentamentos judaicos
nos territórios ocupados e se retire
aos poucos das áreas que já haviam
passado para controle palestino.
A desproporção não acaba aí. Embora o plano preveja a criação de um
Estado palestino em 2005, os EUA
parecem inclinados a concordar com
o pleito israelense de que o processo,
em vez de obedecer a um cronograma pré-definido, só avance na medida em que as partes consigam cumprir com as suas obrigações.
A crescente influência dos EUA no
Oriente Médio depois da vitória sobre o Iraque deve mesmo beneficiar
Israel. E vale registrar que o governo
do presidente George W. Bush é especialmente pró-israelense. Ainda
assim, palestinos deveriam aferrar-se ao "mapa do caminho". Apesar de
todas as dificuldades, é a única perspectiva de paz para a região. É verdade que ambos os lados perdem com
a guerra, mas, como sempre, são os
palestinos, que constituem a parte
mais fraca, que perdem mais.
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