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São Paulo, sábado, 03 de maio de 2003

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MAU COMEÇO

Começou mal a implementação do novo plano de paz para o Oriente Médio. O "mapa do caminho", como foi batizada a nova proposta, foi apresentada na quarta-feira. Na própria quarta, um terrorista suicida palestino explodiu a si mesmo num clube noturno de Tel Aviv (Israel), matando mais três pessoas e ferindo outras 50. Na quinta, uma incursão do Exército israelense na cidade de Gaza matou 12 palestinos, incluindo uma criança de dois anos.
Essas ações revelam bem a disposição dos dois lados para celebrar a paz. E falta de empenho das partes está longe de ser o único obstáculo para a retomada das negociações.
O "mapa do caminho", patrocinado pelos EUA, pela União Européia, pela Rússia e pela ONU, já nasce desequilibrado. Enquanto exige da nova liderança palestina, o premiê Mahmoud Abbas, também chamado de Abu Mazen, a tarefa quase impossível de desmantelar os grupos terroristas, requer de Israel que pare de construir assentamentos judaicos nos territórios ocupados e se retire aos poucos das áreas que já haviam passado para controle palestino.
A desproporção não acaba aí. Embora o plano preveja a criação de um Estado palestino em 2005, os EUA parecem inclinados a concordar com o pleito israelense de que o processo, em vez de obedecer a um cronograma pré-definido, só avance na medida em que as partes consigam cumprir com as suas obrigações.
A crescente influência dos EUA no Oriente Médio depois da vitória sobre o Iraque deve mesmo beneficiar Israel. E vale registrar que o governo do presidente George W. Bush é especialmente pró-israelense. Ainda assim, palestinos deveriam aferrar-se ao "mapa do caminho". Apesar de todas as dificuldades, é a única perspectiva de paz para a região. É verdade que ambos os lados perdem com a guerra, mas, como sempre, são os palestinos, que constituem a parte mais fraca, que perdem mais.



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