São Paulo, segunda-feira, 03 de maio de 2004 |
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TENDÊNCIAS / DEBATES O problema número 1?
PROFESSOR LUIZINHO
Naquele tempo, o governo do PFL e do PSDB já sabia que os crescentes gastos com juros trariam problemas. Problemas de confiança na solvência do setor público. E o que fez? Nada. Gastou o que tinha e o que não tinha, inclusive para aprovar a emenda da reeleição. O superávit primário de mais de 5% do PIB deixado no último ano do governo Itamar minguou até se transformar em déficits primários, em 1996 e 1997. PFL e PSDB, em acintosa irresponsabilidade fiscal, alimentaram as dúvidas sobre a solvência futura do Tesouro. Inclusive patrocinando um pacote fiscal, o malogrado pacote 51, que o próprio governo tratou de descumprir. Foram esses os motivos que levaram o mercado financeiro a cobrar taxas cada vez mais altas, em prazos cada vez menores, e riscos idem para financiar o governo liberal-tucano. A ponto de a dívida líquida do setor público crescer do equivalente a 30% do PIB, em 1995, para 50% do PIB, em 2000, e de lá à estratosfera atual. Ao tragar nacos cada vez maiores da poupança nacional, o governo FHC sufocou o investimento e o potencial de crescimento do país. Eis a gênese do desemprego brasileiro. Lembra aquela taxa de 4,6%, de 1995? Quando entregou o poder, o liberal-tucanismo deixou-a em 10,5% da PEA, com o agravante de uma economia em ruínas e a credibilidade do Estado devastada. O governo Lula está consciente dos problemas estruturais da economia e os está enfrentando com a maior serenidade possível. Considero equivocada a percepção de que o faz com a mesma política econômica do passado. Ao contrário do que acontecia no período liberal-tucano, o Estado vem sendo reformado para recuperar sua eficiência, seu prestígio e seu papel estratégico. Isso tudo sem debilitar sua saúde financeira. Assim, conseguirá implantar políticas capazes de distribuir a renda e reequilibrar o país. Quando ocorrer -e já está ocorrendo-, o Brasil voltará a gerar oportunidades para todos. Se fosse dado à má-fé, compararia o senador Bornhausen ao sujeito que envenena o amigo e depois encomenda uma missa ao moribundo. Em vez disso, prefiro saudá-lo. Bem-vindo, companheiro, ao time dos que classificam o desemprego como chaga intolerável na sociedade moderna e justa que se pretende para o Brasil. Professor Luizinho, 49, deputado federal pelo PT-SP, é o líder do governo na Câmara dos Deputados Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Siegfried Ellwanger: O caso Ellwanger Índice |
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