São Paulo, segunda-feira, 03 de maio de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Viagens e ministérios
"Como apresentei o "escritor" John Perry Barlow ao ministro Gilberto Gil ('Gil levou escritor para ver Carnaval", Brasil, página A10 de ontem), sinto-me obrigado a dar algumas explicações. A Folha deu a notícia como se fosse a viagem de um amigo íntimo para uma festa particular, revelando preconceitos contra nossa maior celebração popular. Se Barlow tivesse vindo para uma reunião em Brasília, o fato não ganharia destaque. Ele é um dos mais respeitados ativistas mundiais pela defesa das liberdades democráticas no ciberespaço, nome com o qual ele próprio batizou a internet. Só tinha encontrado o ministro uma vez antes do Carnaval, na feira da indústria fonográfica em Cannes, quando dava palestra sobre o futuro da música on-line. Na sexta-feira depois do Carnaval, ele participou do debate de abertura do Festival de Mídia Tática, realizado no Sesc de São Paulo e mediado pelo ministro Gil. A vinda de Barlow para o debate, possibilitada pelo MinC, ganhou destaque na capa da Ilustrada. Depois de sua visita, conhecendo melhor nossa cultura, Barlow tem trabalhado incansavelmente na mediação entre o MinC e importantes projetos internacionais de inclusão digital e de direito autoral. A Folha deveria apurar melhor as informações que publica. "Denúncias" como essa, tão levianas, não são matéria para jornal sério."
Hermano Vianna (Rio de Janeiro, RJ)

Governo Lula
"Se Lula justifica o ridículo aumento do salário mínimo com a difícil situação econômica do país, como é que ele explica os absurdos gastos com compra de avião, incontáveis viagens internacionais, os 2.797 cargos de confiança criados para abrigar petistas e aliados etc. etc. etc.? Será que ele está interpretando, à maneira petista, o provérbio que diz que a mão direita não toma conhecimento do que a mão esquerda faz e vice-versa?"
Odilon O. Santos (Marília, SP)
 

"Sou leitor assíduo deste jornal e, nessa condição, protesto pela maneira tendenciosa como a Folha tem tratado o governo Lula. É estranho que um jornal que foi tão benevolente com o governo FHC critique tanto o governo atual, que, aliás, anda fazendo a mesma coisa que o seu antecessor. Onde está a coerência?"
Emmanuel Nazareno Costa Lima (Pirapora, MG)
 

"Na Feira Internacional de Tecnologia Agrícola, em Ribeirão Preto (SP), o presidente Lula disse que vai reunir no Brasil presidentes, reis, príncipes, xeques e o que mais existir no mundo árabe, além de representantes da China, da Índia, da Rússia e da África do Sul, com o propósito de ampliar o comércio com esses países. Sem falsa modéstia, concluiu: "Corremos o gostoso risco de mudar a geografia comercial do mundo, de não ficar dependendo dos produtos subsidiados por europeus e americanos". Alguém precisa dizer ao presidente da República que o interesse desses países no Brasil é via de mão única. Enquanto se incentivam as exportações e damos de comer a esses parceiros, os brasileiros estão atolados no desemprego, sem renda e sugados por tributos e contribuições de toda natureza. Um país que precisa de medidas paternalistas para dar de comer ao seu povo e que tem o Fome Zero como carro-chefe precisa avaliar melhor seu mercado exportador."
Jayme de Almeida Rocha Netto (Campinas, SP)

1º de Maio
"Bons tempos aqueles em que o dia 1º de Maio significava lutas e avanços para os trabalhadores e alento para os desempregados. Hoje, centrais sindicais fazem sorteios de toda sorte e se promovem à custa de artistas populares, na busca artificial do apoio do povo sofrido. Assim foi a política de "pão e circo" adotada pelos romanos. Hoje, temos apenas o circo, e nós somos os palhaços."
Vagner Correa (São Bernardo do Campo, SP)

Prefeitos cassados
"A Folha de ontem publicou uma relação de prefeitos cassados por corrupção eleitoral (Brasil, pág. A6), sendo uma das formas dessa corrupção o uso da máquina administrativa. Está na hora de acabar com algo que nunca deveria ter existido: a reeleição para todos os níveis, inclusive o Legislativo. Só assim os "políticos de carteirinha" deixarão de existir."
Jarbas de Souza Junior (Assis, SP)

Câmaras Municipais
"O Supremo Tribunal Federal cortou em 8.528 o número de vereadores porque entende que as vagas nas Câmaras devem ser proporcionais ao número de habitantes de seus respectivos municípios. Mas os membros do Congresso se apressaram em aprovar emendas com o propósito de anular a decisão do STF. Está claro que a única preocupação desses senhores é salvar seus cabos eleitorais. Quem vai pagar a conta não lhes interessa. A mídia faria um grande serviço publicando a relação dos que votarem a favor desse desserviço."
José Maria Gomes Guimarães (Peruíbe, SP)

Turismo no Brasil
"Fernando Rodrigues (Opinião de anteontem, página A2) toca num ponto essencial, que demonstra a incompetência dos governos e da nossa sociedade. Num momento de extrema necessidade de superávits, nada mais natural que um de nossos maiores potenciais de riqueza seja o turismo. Entretanto ele não menciona um fator primordial: a segurança. O Brasil, infelizmente, é visto como um lugar perigoso. E é mesmo! Ou alguém recomendaria a um turista estrangeiro dar um passeio, com sua família, pelas ruas de qualquer cidade grande brasileira, se nem nós nos sentimos seguros nelas? O resultado é um faturamento medíocre. Bem que Deus tentou ajudar."
Paulo Calil (São Paulo, SP)

Obras em São Paulo
"O aditamento dos contratos dos túneis sob a avenida Faria Lima não me surpreende. Isso me lembra aquela velha manobra: determinada empresa vence a licitação por um valor inferior e, depois, é recompensada com o aditamento. O que me surpreende é a relativa aceitação com naturalidade, por parte da comunidade em geral, do argumento da prefeitura: "dificuldades técnicas imprevistas". Ora, até um imbecil sabe que há cabos e canos sob as ruas. O que esperavam encontrar durante a escavação? Ossos de dinossauros? Há cadastros e projetos que documentam tudo isso. A prefeitura ainda conta com o seguinte argumento: se houver embargo às obras e, conseqüentemente, mais transtornos para a cidade, a culpa será do Ministério Público e da oposição. Só colocando um nariz de palhaço mesmo."
Marcelo Menegatti, engenheiro (São Paulo, SP)


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