São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Mário de Andrade
"Pertinente a colocação do professor Marco Antonio Villa ("A destruição de um biblioteca", "Tendências/Debates", pág. A3, 2/6) sobre a situação atual da biblioteca Mário de Andrade. A sucessão de (des)governos tem relegado a biblioteca aos ratos. A falta de investimentos em bibliotecas públicas demonstra o espírito terceiro-mundista de nossos administradores. O nobre professor acerta ao referir-se à ausência de um Diderot, mas esquece-se de apresentar a guilhotina à la Robespierre que está sobre a cabeça da pesquisa brasileira."
Marcelo de Souza Cleto, pesquisador bolsista do CNPq (São Paulo, SP)

 

"O artigo de Marco Antonio Villa sobre a biblioteca Mário de Andrade é um misto de desinformação com má-fé. Há um ano e meio, deixei a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Não tenho, assim, possibilidade de avaliar o seu funcionamento atual. Sei que a Mário de Andrade está sob a excelente direção do professor José Castilho, que conduz a sua expansão e a sua modernização --por mim iniciada. Sucessivas reportagens publicadas na imprensa, inclusive nesta Folha, sobre as mudanças em curso naquela biblioteca desnudam as mentiras do professor, cujo viés eleitoreiro não passa despercebido. É totalmente mentirosa e injuriosa a afirmação de que eu quis "fechar a biblioteca" em 2001. Ao contrário, em minha gestão iniciou-se um processo sem precedentes de fortalecimento institucional da Mário de Andrade. O Colégio de São Paulo trouxe para a biblioteca milhares de pessoas que, em um passado desconhecido pelo trêfego articulista, fizeram daquela casa um ponto de encontro da cultura."
Marco Aurélio Garcia, ex-secretário municipal de Cultura de São Paulo (Brasília, DF)

 

"Em artigo publicado ontem, o historiador Marco Antonio Villa considera o programa de inclusão cultural Colégio de São Paulo, que ora coordeno na Mário de Andrade, como "puro marketing". Iniciado há dois anos, esse espaço de reflexão e debate contou até aqui com um público de cerca de 30 mil pessoas em 215 palestras/aulas ministradas e em 34 diferentes eventos -uma média de 140 ouvintes por aula e de 880 por evento. Mas o que mais nos faz falta, justamente, é uma dose grande de "puro marketing" que aumente a nossa capacidade de divulgação e de ação pró-cidadania. Quem sabe o articulista possa nos ajudar nessa necessária e bem-vinda publicidade."
Francisco Foot Hardman, professor titular do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp e coordenador do Programa Colégio de São Paulo da biblioteca Mário de Andrade (São Paulo, SP)

"Pena de morte"
"Gostaria de congratular o articulista Janio de Freitas ("Uma pista da tragédia", Brasil, 1º/6), primeira voz sensata da imprensa brasileira a se insurgir contra a regulamentação da pena de morte em nosso país. Refiro-me à chamada Lei do Abate, que pretende, a pretexto de defender a soberania nacional, autorizar aeronaves da FAB a derrubar aviões e matar ocupantes de aeronaves civis que desrespeitarem as regras de interceptação, independentemente de algum dos seus ocupantes ser uma criança inocente ou, como noticiado recentemente, um piloto seqüestrado. A pena de morte prevê pelo menos a investigação, o julgamento e o direito à defesa. A Lei do Abate é a normatização do assassinato puro e simples. Nada disso seria necessário se a Aeronáutica e a Polícia Federal concentrassem seus recursos e investimentos na ocupação pacífica das fronteiras norte e oeste do país com novas bases aéreas e com aviões e helicópteros capazes de seguir os transgressores até o seu aeródromo de destino."
Pedro Goldenstein, piloto de linha aérea (Itatiba, SP)

 

"Os Estados Unidos têm, mas não querem que os outros tenham. É lógico. Assim defendem os aviões deles, que vivem sobrevoando e espionando a terra dos outros. Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço."
Henri Funke (São Paulo, SP)

Direitos dos animais
"Parabéns à Folha pelo destaque dado à notícia do reconhecimento na Áustria dos direitos trabalhistas (sem aspas mesmo) dos animais ("Áustria dá "férias" a animais", Cotidiano, 2/6). A Áustria empenha-se na evolução da consciência e na defesa da sensibilidade dos homens, o que é mais amplamente político em termos de humanismo do que circunstâncias político-partidárias datadas. É salutar que aqueles que encaram a liberdade outorgada a todos pelo pensamento crítico condenem o uso de animais como escudo da crueldade e da covardia dos homens."
Telê Ancona Lopez (São Paulo, SP)

Tradução
"Muito oportuna a reportagem sobre tradução publicada ontem na Ilustrada ("Senhor dos Anéis" vira caso de Justiça", pág. E3). A tradução é uma atividade autoral de pleno direito, e não vai ser a sua descaracterização como serviço -e por encomenda- que lhe vai furtar esse caráter. Temo, porém, pela eficácia de medidas legislativas e de ações judiciais caso os tradutores não venham a constituir de fato uma categoria em vez de se perderem em negociações particulares. Quanto à ação judicial tratada, o efeito já se fez sentir em várias editoras, que buscam se resguardar a fim de manter o seu privilégio de domínio como membros da classe editorial diante de um grupo disperso, individualista, desorganizado."
Adail Ubirajara Sobral, tradutor (São Paulo, SP)

Psiquiatria
"Antes de ser meramente entendido como definição semântica, o termo "manicomial", referido recentemente nesta seção, representa uma luta pela cidadania de portadores de transtornos mentais pelo Movimento da Luta Antimanicomial, que considera um retrocesso qualquer proposta de aumento de leitos psiquiátricos. No lugar dos hospitais psiquiátricos -portanto de característica manicomial- fechados, propomos uma rede substitutiva com Caps (Centro de Atenção Psicossocial), com residências terapêuticas e com atenção básica feita por equipe interdisciplinar em saúde mental, além dos centros de convivência, que fazem ponte intersetorial com a cultura."
Pedro Carlos Carneiro, psiquiatra, membro da Executiva Regional do Fórum Paulista da Luta Antimanicomial (São Paulo, SP)

Contrabando e impostos
"Muito interessante a prisão do supercontrabandista Law Kin Chong. Sua ascensão em negócios totalmente condenáveis leva-nos a refletir. Ele possui três shoppings com aproximadamente 600 lojas. Como será que conseguiu subir tão rápido assim? Praticando sonegação! Pelo fato de não pagar impostos, seus produtos são mais baratos, seus negócios prosperam, geraram muitos empregos e fazem "girar" a economia. Será que não é um bom momento para o nosso governo ver que a diminuição da carga tributária teria um papel benéfico em nossa economia? Geraria mais negócios, mais empregos e, de quebra, produtos mais baratos."
Murilo Angeli Piva (Piracicaba, SP)


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