São Paulo, domingo, 03 de junho de 2007

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Indústria menor

PESQUISA DO IBGE recentemente divulgada confirmou que a indústria do Estado de São Paulo vem perdendo participação na indústria nacional. O peso do Estado na produção industrial do país recuou de 49% para 40% entre 1996 e 2005, enquanto seu quinhão no número de empregados do setor encolheu de 42% para 36%.
Esse processo de redução da concentração da indústria em São Paulo se deve, em parte, a fatores espontâneos, e trouxe, também de modo parcial, repercussões saudáveis.
A experiência internacional ensina que a partir de certo ponto as vantagens da aglomeração de indústrias, como o aproveitamento intensivo das infra-estruturas de transportes e energia e a agilidade logística, tendem a ser diluídas por desvantagens, como a degradação ambiental e a sobrecarga da infra-estrutura.
Em grande medida, o crescimento de novos pólos industriais dentro do Estado de São Paulo esteve ligado à saturação da região metropolitana. Mas esse movimento implicou uma desconcentração da indústria apenas dentro do Estado.
O avanço da indústria nas demais praças do país foi estimulado pela expansão da fronteira agrícola e da mineração, bem como pelo encarecimento relativo da mão de obra nas regiões mais industrializadas. Mas também pesou a agressiva concessão de benefícios fiscais.
A redução de impostos é um fator defensável de atração de investimentos quando se trata da disputa entre países, ou quando os rivais são municípios vizinhos de uma região que a racionalidade econômica indicaria ser propícia à instalação de indústrias.
Já a disputa entre Estados, sem a mediação de uma política nacional, é danosa. A guerra fiscal produziu distorções óbvias, que oneram desnecessariamente a infra-estrutura de transportes: plantas industriais muito distantes dos mercados consumidores e das fontes de matérias-primas e insumos.
O combate a essas distorções geradas pela guerra fiscal deve ser -ao lado da redução da carga, da simplificação e da eliminação da cobrança cumulativa de tributos- uma das prioridades da reforma tributária que já tarda.


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