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CRISE EXTERNA
O dia de ontem trouxe resultados contrastantes nos vários
segmentos do mercado financeiro
envolvendo o Brasil. Internamente,
os números até foram positivos: o
dólar fechou em ligeira baixa, a
exemplo dos juros no mercado futuro. A Bovespa teve queda bem pequena. Mas no exterior o dia foi muito
negativo: o risco Brasil subiu mais de
3%, e a cotação do principal título da
dívida externa brasileira, o C-Bond,
caiu quase 5%.
O motivo da divergência parece ser
o mal-estar nos países ricos. A desvalorização abrupta do dólar ante o euro e o iene estimula uma fuga, para a
Europa e o Japão, de recursos investidos nos EUA. Já a desconfiança nas
demonstrações contábeis das corporações continua a aumentar, o que
enfraquece as Bolsas de Valores.
Ontem o Dow Jones chegou a seu
nível mais baixo desde outubro
(quando ainda se vivia o impacto
imediato do atentado de 11 de setembro). Já o Nasdaq chegou ao nível
mais baixo desde 1997. Em situações
como essa é típico que, para cobrir as
perdas, os investidores vendam ativos de maior risco. Dentre estes, os
títulos da dívida brasileira estão entre
os que têm maior liquidez -e por isso sofrem forte pressão de venda, como se viu ontem.
O mau humor internacional está
retardando o ansiado alívio no mercado financeiro doméstico. A cotação do dólar ontem perdeu ímpeto
de alta, mas isso é insuficiente para
caracterizar a "trégua" necessária para reverter a piora das expectativas.
O que propiciaria essa "trégua" seria um recuo do dólar para R$ 2,70
ou menos. As autoridades já tomaram várias iniciativas com esse objetivo. Mas a efetividade das medidas
está prejudicada, até o momento, pelo quadro internacional adverso.
Observa-se, assim, que o foco
maior da instabilidade se desloca de
questões domésticas (como a incerteza eleitoral ou os desencontros na
rolagem da dívida pública) para
questões externas. O que é preocupante, seja porque tais questões escapam ao controle das nossas autoridades, seja porque a fragilidade das
nossas contas externas potencializa
as más notícias que vêm de fora.
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