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VOTO ANTECIPADO
As pressões contra o presidente da Argentina, Eduardo Duhalde, que já eram grandes e crescentes, tornaram-se extremadas depois
da repressão policial que culminou
na morte de dois manifestantes, na
semana passada. Até o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Horst Köhler, questionou publicamente a capacidade de liderança
política de Duhalde. Diante desse
quadro, a Casa Rosada decidiu antecipar as eleições presidenciais de
2003 de setembro para março.
Previsões, em se tratando da crise
argentina, na maioria das vezes se
têm mostrado equivocadas. A mesma dificuldade se antepõe a respeito
do significado da antecipação das
eleições. Com o gesto, Duhalde pode
aplacar um pouco os exaltados ânimos dos cidadãos e usufruir de alguma margem de manobra para seguir
conduzindo a transição do modelo
econômico. Mas também é possível
aventar uma segunda hipótese: a decisão de fazer mais cedo as eleições
poderá ser entendida pela população
como um sinal de aumento da fragilidade de Duhalde, contribuindo inclusive para um novo processo de
pressão a exigir, por exemplo, a renúncia imediata do presidente.
O "timing" da sucessão, bem como as suas regras, será decisivo para
saber se ocorreu ou não, na Argentina, um processo de renovação de lideranças políticas. Os partidos tradicionais -o Peronista e a União Cívica Radical-, profundamente desgastados, e a carcomida estrutura de
mando baseada nos governadores de
Província serão, através do voto,
substituídos por forças novas?
Mais uma vez, o terreno pantanoso
sobre o qual se move a política argentina impede conclusões. Houve surtos de organização alternativa aos
partidos tradicionais na Argentina
-o mais "sui generis" deles ligado a
associações de moradores. Mas não
se sabe se, até o início do processo de
sucessão, haverá maturação desse
processo a ponto de oferecer aos eleitores a opção para um novo pacto nacional sob bases mais promissoras.
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