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CLÓVIS ROSSI
Para quem é supersticioso
SÃO PAULO - Não sei se os tais mercados são supersticiosos ou não, mas,
se forem, vou aproveitar para fazer
uma vingançazinha por todas as turbulências que causam.
Trata-se da história de um grupo
de pessoas e de seus destinos eleitorais. Encontrei-me com todas elas no
Chile, em 1998, durante uma reunião
da esquerda latino-americana organizada pelo sociólogo mexicano Jorge
Castañeda e pelo filósofo brasileiro
Roberto Mangabeira Unger, radicado nos Estados Unidos.
Pelo país anfitrião, circulou pelo
encontro o socialista Ricardo Lagos.
No ano seguinte, Lagos elegeu-se presidente da República. Nem o mundo
nem o Chile acabaram.
Pela Argentina, foram, entre outros, Rodolfo Terragno (União Cívica
Radical, centenário partido originalmente de centro-esquerda) e Graciela
Fernández Meijide (da Frepaso,
Frente País Solidário, também de
centro-esquerda).
No ano seguinte, como no Chile,
Terragno e Meijide chegaram ao poder a bordo da coalizão UCR-Frepaso, que elegeu Fernando de la Rúa
presidente.
A Argentina, sim, acabou, mas, ao
contrário do que dizem os perfeitos
idiotas neoliberais, não foi porque De
la Rúa mudou as políticas. Foi exatamente por ter mantido a obra do
queridinho dos mercados, Carlos
Saúl Menem.
Em tempo: Terragno e Meijide renunciaram aos seus respectivos ministérios antes do naufrágio.
Do México, além de Castañeda,
veio um certo Vicente Fox. Nunca entendi direito o que Fox fazia numa
reunião supostamente da esquerda,
porque pertence a um partido (o
PAN, Partido de Ação Nacional) que
sempre foi conservador.
O que interessa é que Fox, como os
os outros, também chegou ao poder
logo depois da reunião no Chile (foi
eleito no ano 2000).
É claro que, a esta altura, você já sabe quem representou o Brasil. Sim, foi
ele, Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado
de Ciro Gomes. Não chegaram ao poder. Ainda. Mas são candidatos de
novo agora.
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