São Paulo, quarta-feira, 03 de julho de 2002

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CLÓVIS ROSSI

Para quem é supersticioso

SÃO PAULO - Não sei se os tais mercados são supersticiosos ou não, mas, se forem, vou aproveitar para fazer uma vingançazinha por todas as turbulências que causam.
Trata-se da história de um grupo de pessoas e de seus destinos eleitorais. Encontrei-me com todas elas no Chile, em 1998, durante uma reunião da esquerda latino-americana organizada pelo sociólogo mexicano Jorge Castañeda e pelo filósofo brasileiro Roberto Mangabeira Unger, radicado nos Estados Unidos.
Pelo país anfitrião, circulou pelo encontro o socialista Ricardo Lagos. No ano seguinte, Lagos elegeu-se presidente da República. Nem o mundo nem o Chile acabaram.
Pela Argentina, foram, entre outros, Rodolfo Terragno (União Cívica Radical, centenário partido originalmente de centro-esquerda) e Graciela Fernández Meijide (da Frepaso, Frente País Solidário, também de centro-esquerda).
No ano seguinte, como no Chile, Terragno e Meijide chegaram ao poder a bordo da coalizão UCR-Frepaso, que elegeu Fernando de la Rúa presidente.
A Argentina, sim, acabou, mas, ao contrário do que dizem os perfeitos idiotas neoliberais, não foi porque De la Rúa mudou as políticas. Foi exatamente por ter mantido a obra do queridinho dos mercados, Carlos Saúl Menem.
Em tempo: Terragno e Meijide renunciaram aos seus respectivos ministérios antes do naufrágio.
Do México, além de Castañeda, veio um certo Vicente Fox. Nunca entendi direito o que Fox fazia numa reunião supostamente da esquerda, porque pertence a um partido (o PAN, Partido de Ação Nacional) que sempre foi conservador.
O que interessa é que Fox, como os os outros, também chegou ao poder logo depois da reunião no Chile (foi eleito no ano 2000).
É claro que, a esta altura, você já sabe quem representou o Brasil. Sim, foi ele, Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado de Ciro Gomes. Não chegaram ao poder. Ainda. Mas são candidatos de novo agora.


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