São Paulo, quarta-feira, 03 de julho de 2002 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Inovação tecnológica, o único caminho
ROBERTO NICOLSKY
Precisamos oferecer produtos que sejam procurados pelos consumidores globais, como os celulares e os monitores da Coréia, os chips de Taiwan, os fármacos da China ou os softwares da Índia, para citar só países emergentes. É certo que temos os aviões, mas esse mercado é restrito, é pouco para as dimensões do nosso país e as necessidades de crescimento do nosso povo. Deveríamos exportar pelo menos como Coréia e Taiwan, que colocam no mercado internacional cerca de US$ 150 bilhões anuais. O modelo para crescer internamente deve ser o mesmo, pois hoje os mercados são globalizados e estamos competindo dentro de casa com aqueles que precisamos derrotar também lá fora. Ao fazer crescer as exportações, estaremos ampliando, inexoravelmente, a nossa produção, gerando empregos e renda. E ao fazê-lo pela via das inovações, estaremos criando empregos mais qualificados, valorizando a nossa criatividade e elevando o salário médio da população. Portanto distribuindo renda. O modelo de crescimento focado na inovação tecnológica realizada pelo setor produtivo vem sendo utilizado com sucesso, nos últimos 30 anos, pela Coréia e por Taiwan, países que hoje têm renda per capita quatro vezes superior à nossa. E começa a ser implementado pela China, Índia e Rússia, todas em rápido processo de desenvolvimento. O que nos falta para seguir o mesmo caminho? Se precisamos reverter uma tendência predatória de dependência tecnológica, então faltam-nos políticas públicas que, através da parceria no risco, estimulem o setor industrial a universalizar a criação de inovações tecnológicas no país, para tornar os nossos produtos, processos e serviços mais competitivos em nível internacional. Só na Coréia são mais de 8.000 indústrias e quase 200 institutos envolvidos em programas de inovações. O setor industrial brasileiro, através da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica, a Protec, recém-criada por cinco das maiores federações e dez das principais entidades setoriais da indústria, está procurando fazer a sua parte, organizando o 1º Encontro Nacional da Inovação Tecnológica para Exportação e Competitividade (Enitec), amanhã e depois de amanhã, no Rio de Janeiro. Trata-se de um fórum que buscará, com a participação dos órgãos do governo e das instituições de pesquisa, os meios para construirmos um modelo centrado na inovação tecnológica, pois esse é o único caminho que pode assegurar um crescimento sustentado ao país. Roberto Nicolsky, 64, professor do Instituto de Física da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), é membro do Conselho Empresarial de Tecnologia da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro e diretor da Protec (Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica). Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Fábio Konder Comparato: O golpe de Estado permanente Próximo Texto: Painel do Leitor Índice |
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