São Paulo, Sábado, 03 de Julho de 1999
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FRUSTRAÇÃO COMERCIAL

Agora é indiscutível: há dificuldades mais sérias do que se previa com o ajuste das contas externas brasileiras, em especial do saldo comercial.
A balança entre exportações e importações teve em junho um déficit de US$ 144 milhões. Mesmo depois da desvalorização do real, as exportações sofreram uma queda de 11,73% em relação ao mesmo mês de 98.
Esses resultados tornam inviável a meta de US$ 4 bilhões de superávit comercial estabelecida com o Fundo Monetário Internacional, resultante já de uma revisão da projeção anterior de um saldo de US$ 11 bilhões.
Talvez esses dados sejam um dos fatores responsáveis pelo atraso na divulgação das novas metas do acordo com o Fundo. As avaliações no mercado chegam, no momento, a estimar um superávit da ordem de US$ 2 bilhões em 1999, ainda assim fruto de um exercício de otimismo.
Parece evidente que a frustração nas metas de saldo comercial não será superada a golpes de novas rodadas de desvalorização cambial.
O mais importante, no entanto, é destacar os dois elementos fundamentais que impedem a melhoria significativa das exportações brasileiras: a falta de competitividade e o horizonte de crescimento lento (ou mesmo de estagnação) em alguns dos principais mercados mundiais.
Obviamente, o governo brasileiro nada pode fazer pelo crescimento dos mercados para os quais gostaria de ver o país exportando.
Mas há muito por fazer para elevar a competitividade das exportações brasileiras e, nesse terreno, a ação oficial é nitidamente insuficiente.
Há recorrentes declarações de intenções: de apoio a pequenas e médias empresas, de compromisso com a reforma tributária, de aumento das linhas de crédito oferecidas a exportadores e de maior coordenação entre as várias esferas de governo que lidam com o comércio exterior.
Tudo isso no momento é uma esperança que, infelizmente, parece ainda bem distante de se realizar.



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