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As mudanças na telefonia depois da privatização beneficiam os usuários?
SIM
Fatos à direita do zero
RENATO GUERREIRO
O Brasil, que nos últimos quatro anos
foi capaz de avançar para a modernidade no seu sistema de telecomunicações,
dá outro salto inovador e altamente positivo. Desde a 0h de hoje, o usuário do
serviço telefônico fixo está liberto das
amarras do fornecedor único: ele pode
escolher a empresa de telecomunicações para executar suas chamadas de
longa distância nacionais e, em breve,
as internacionais.
Esse Brasil que está dando certo e que,
a cada avanço, tanto incomoda os adeptos do atraso pode ser avaliado por fatos, números e cifras. A concorrência
nas chamadas de longa distância, que
hoje começa a vigorar em todo o país,
constitui avanço só desfrutado por poucos países desenvolvidos no mundo. Esse é apenas um dos resultados positivos
proporcionados pelo novo modelo brasileiro de telecomunicações. Um modelo que, por suas características inovadoras e arrojadas, por sua transparência,
sua previsibilidade de regras e sua credibilidade, é hoje tomado como referência no contexto internacional das telecomunicações.
Explica-se, assim, por que o Brasil de
1994, que contava com apenas 800 mil
telefones celulares, deverá ultrapassar
11 milhões até o fim deste ano. No segmento da telefonia fixa residencial e comercial, o Brasil tinha, em 1994, 13 milhões de terminais instalados; atingiu 22
milhões no ano passado e chegará a no
mínimo 33 milhões até dezembro de
2001. Não é ficção. Alcançar a meta de
33 milhões de terminais é compromisso
formal assumido pelas empresas de telefonia fixa privatizadas há um ano; elas
estão sujeitas a sanções caso não cumpram esse item do contrato.
Acontece que o segmento de telefonia
fixa deverá ser dinamizado ainda mais
até o fim deste ano, por outro evento
significativo em termos concorrenciais:
a entrada em operação das empresas-espelho. Esse fato novo, que, de forma
natural, acirrará a disputa pelo assinante, permite prever que o Brasil chegará
ao fim de 2001 não só com aqueles 33
milhões de responsabilidade das atuais
operadoras, mas muito próximo da
marca de 40 milhões de terminais fixos
instalados, com expressivos ganhos na
relação entre aparelhos e grupos de cem
habitantes.
São notórios, de outra parte, os benefícios para o usuário brasileiro dos serviços de telefonia no tocante aos custos.
O preço da linha telefônica fixa, de
aproximadamente R$ 1.200 em abril de
1997 (valor que impedia o acesso da
maioria das famílias brasileiras ao serviço), caiu para R$ 300 no mês seguinte,
R$ 80 em outubro e cerca de R$ 50 em
dezembro de 1997. Desde a semana passada, a habilitação de um telefone fixo
custa R$ 8,40 no Paraná, R$ 10,80 em
Brasília e R$ 11,83 em Goiás.
O fato inquestionável é que a reorientação do sistema brasileiro de telecomunicações e a implantação de um novo modelo para o setor foram concebidas e levadas adiante com o propósito
primeiro de beneficiar o usuário. Não
por outra razão, foram balizadas pelos
princípios de universalização e competição, que vêm sendo seguidos com sucesso em suas múltiplas vertentes.
O Brasil, que avança agora a passos céleres para se manter ao lado de nações
do Primeiro Mundo no setor de telecomunicações, poderia ter iniciado antes
a sua caminhada para esse estágio. O cenário de hoje, em que a telemática -essa formidável associação da informática com as telecomunicações- assume
fundamental importância política, econômica e social, já era vislumbrado nos
anos 80.
Naquele período, porém, muitos projetos pessoais afloraram, sufocando o
interesse público; pouco de eficaz se
criou ou foi concebido visando lançar o
país rumo à modernidade. O sistema
empresarial estatal, que alcançara tantos bons resultados anteriormente, já
emitia sinais de exaustão, especialmente de esgotamento financeiro e incapacidade para investir.
Há males que vêm para o bem. A
omissão de então permitiu que, com a
ascensão do presidente Fernando Henrique Cardoso, o novo modelo das telecomunicações brasileiras fosse buscado
com visão de longo prazo e arrojo inteligente, seguidamente confirmados em
cada etapa vencida do processo.
Na implantação do novo modelo brasileiro de telecomunicações não há acasos, titubeios ou influência nociva de
projetos pessoais. O novo modelo tem
por lastros visão política, planejamento
estratégico, realidade econômica e ampliada preocupação social, componentes raras vezes antes conjugados numa
única ação governamental.
O usuário, more ele no Rio Grande do
Sul ou no Amapá, na Paraíba ou no
Acre, já percebeu isso no bolso, nas filas
que vão desaparecendo, na qualidade e
na diversificação dos serviços. É um fato que desgosta os que costumam desviar o rosto da realidade, preferindo se
exercitar sobre a invenção do zero em
vez de observar o que se está colocando
de positivo à sua direita no novo sistema brasileiro de telecomunicações.
Renato Navarro Guerreiro, 50, engenheiro de telecomunicações, é presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
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