São Paulo, quinta-feira, 03 de agosto de 2000


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ELIANE CANTANHÊDE

A roda da fortuna

CARACAS - O TRT-SP elegeu ontem seu novo presidente, Francisco Antonio de Oliveira, o que induz a uma rápida reflexão.
O presidente da República autorizou verbas para obras do tribunal de olhos fechados.
O ministro do Planejamento sugeriu a autorização porque não tinha outra alternativa: "É difícil dizer não até para ministro ali ao lado, quanto mais para outro Poder".
Os deputados paulistas também endossaram, porque era em São Paulo, tribunal é tribunal, sabe como é...
Os da Comissão de Orçamento são de outros Estados, mas aprovam qualquer coisa mesmo.
E o TST (Tribunal Superior do Trabalho)? Esse não viu, não leu, não sabe, não quer saber, não tem nada a ver com isso. Mas, por via das dúvidas, encaminhou para o Executivo.
Ou seja: o TRT-SP fez o pedido para o TST, que defendeu no Executivo, que enviou para o presidente da República, que repassou para o Legislativo, que mandou de volta para o Executivo, que devolveu para o TST, que despejou no TRT-SP.
Conclusão: êta tribunalzinho poderoso esse de São Paulo. Pode tudo. Pede milhões, e os milhões saem.
Depois, viu-se que havia superfaturamento, o "dono" do TRT-SP era um juiz suspeito de uma baita corrupção, havia um conluio entre empreiteiras e que eu, tu, ele, nós, vós (e não eles) estávamos levando um cano de R$ 169 milhões.
Aí, de quem é a culpa? De ninguém. A roda gira ao contrário: o TST alega que não tinha nada a ver com a história (como no "Painel do Leitor" de terça-feira), os deputados explicam que era só formalidade, o ministro diz que tem que assinar e o presidente justifica que não lê.
Donde se conclui que a Presidência é fichinha, o Ministério do Planejamento é um batedor de carimbo, os deputados não se sentem responsáveis pelo dinheiro público e o TST -como adora dizer Antonio Carlos Magalhães- não serve para nada.
Chega de intermediários. Francisco Antonio de Oliveira para presidente!



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