|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
A roda da fortuna
CARACAS - O TRT-SP elegeu ontem seu novo presidente, Francisco Antonio de Oliveira, o que induz a uma
rápida reflexão.
O presidente da República autorizou verbas para obras do tribunal de
olhos fechados.
O ministro do Planejamento sugeriu a autorização porque não tinha
outra alternativa: "É difícil dizer não
até para ministro ali ao lado, quanto
mais para outro Poder".
Os deputados paulistas também endossaram, porque era em São Paulo,
tribunal é tribunal, sabe como é...
Os da Comissão de Orçamento são
de outros Estados, mas aprovam
qualquer coisa mesmo.
E o TST (Tribunal Superior do Trabalho)? Esse não viu, não leu, não sabe, não quer saber, não tem nada a
ver com isso. Mas, por via das dúvidas, encaminhou para o Executivo.
Ou seja: o TRT-SP fez o pedido para
o TST, que defendeu no Executivo,
que enviou para o presidente da República, que repassou para o Legislativo, que mandou de volta para o
Executivo, que devolveu para o TST,
que despejou no TRT-SP.
Conclusão: êta tribunalzinho poderoso esse de São Paulo. Pode tudo. Pede milhões, e os milhões saem.
Depois, viu-se que havia superfaturamento, o "dono" do TRT-SP era
um juiz suspeito de uma baita corrupção, havia um conluio entre empreiteiras e que eu, tu, ele, nós, vós (e
não eles) estávamos levando um cano de R$ 169 milhões.
Aí, de quem é a culpa? De ninguém.
A roda gira ao contrário: o TST alega
que não tinha nada a ver com a história (como no "Painel do Leitor" de
terça-feira), os deputados explicam
que era só formalidade, o ministro
diz que tem que assinar e o presidente justifica que não lê.
Donde se conclui que a Presidência
é fichinha, o Ministério do Planejamento é um batedor de carimbo, os
deputados não se sentem responsáveis pelo dinheiro público e o TST
-como adora dizer Antonio Carlos
Magalhães- não serve para nada.
Chega de intermediários. Francisco
Antonio de Oliveira para presidente!
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Ingênuo ou omisso? Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: O apoio da nota Índice
|