São Paulo, sábado, 03 de agosto de 2002

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CLÓVIS ROSSI

FMI x Ciro

SÃO PAULO - Se a queda do dólar nos
dois últimos dias se deve à expectativa dos mercados de que o acordo entre o Brasil e o FMI (Fundo Monetário Internacional) vá sair rapidamente, há o sério risco de novas turbulências na próxima semana.
A visão que se tem nos escritórios do Fundo é a de que o acordo não vai sair tão rapidamente assim.
E tudo leva a crer que o principal obstáculo para um acordo chama-se Ciro Gomes.
Explico: pelo que a Folha apurou no FMI, os números não são o problema para fechar o entendimento. Problema mesmo é a questão política. Ou, posto de outra forma, é a necessidade de os candidatos darem um claro sinal de que apóiam o acordo.
Dos três principais candidatos, José Serra (PSDB), uma e outra vez, já disse que apóia e até aplaude a extensão do acordo com o FMI.
A visão do Fundo sobre o PT está no "briefing" de anteontem de seu porta-voz, Thomas Dawson. Ele disse que "a expressão de apoio de um dos principais candidatos de oposição para a nova meta de superávit primário do governo é uma indicação de apoio (ao acordo)".
Não mencionou Lula diretamente, mas é óbvio que está referindo-se ao candidato do PT e à sua "Carta ao Povo Brasileiro".
Já Ciro Gomes o máximo que disse foi que não pretende ser obstáculo ao entendimento. Para o FMI, vale uma adaptação da propaganda do Gelol, que diz: "não basta ser pai, é preciso participar".
Ou seja, não basta não atrapalhar, é preciso participar.
Não vai nesse relato nenhuma crítica a Ciro Gomes. Cabe a ele decidir o seu rumo político -e é tão legítimo opor-se ao acordo como concordar com ele.
É apenas o ponto da situação, de uma situação (a negociação com o FMI) vista pelos mercados e pelo próprio governo como fundamental para ao menos fazer amainar o furacão financeiro-cambial.



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