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CLÓVIS ROSSI
FMI x Ciro
SÃO PAULO - Se a queda do dólar nos
dois últimos dias se deve à expectativa dos mercados de que o acordo entre o Brasil e o FMI (Fundo Monetário Internacional) vá sair rapidamente, há o sério risco de novas turbulências na próxima semana.
A visão que se tem nos escritórios
do Fundo é a de que o acordo não vai
sair tão rapidamente assim.
E tudo leva a crer que o principal
obstáculo para um acordo chama-se
Ciro Gomes.
Explico: pelo que a Folha apurou
no FMI, os números não são o problema para fechar o entendimento. Problema mesmo é a questão política.
Ou, posto de outra forma, é a necessidade de os candidatos darem um claro sinal de que apóiam o acordo.
Dos três principais candidatos, José
Serra (PSDB), uma e outra vez, já
disse que apóia e até aplaude a extensão do acordo com o FMI.
A visão do Fundo sobre o PT está
no "briefing" de anteontem de seu
porta-voz, Thomas Dawson. Ele disse
que "a expressão de apoio de um dos
principais candidatos de oposição
para a nova meta de superávit primário do governo é uma indicação
de apoio (ao acordo)".
Não mencionou Lula diretamente,
mas é óbvio que está referindo-se ao
candidato do PT e à sua "Carta ao
Povo Brasileiro".
Já Ciro Gomes o máximo que disse
foi que não pretende ser obstáculo ao
entendimento. Para o FMI, vale uma
adaptação da propaganda do Gelol,
que diz: "não basta ser pai, é preciso
participar".
Ou seja, não basta não atrapalhar,
é preciso participar.
Não vai nesse relato nenhuma crítica a Ciro Gomes. Cabe a ele decidir o
seu rumo político -e é tão legítimo
opor-se ao acordo como concordar
com ele.
É apenas o ponto da situação, de
uma situação (a negociação com o
FMI) vista pelos mercados e pelo próprio governo como fundamental para ao menos fazer amainar o furacão financeiro-cambial.
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