São Paulo, sábado, 03 de agosto de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

O purgatório de Ciro

BRASÍLIA - Todos os principais can
didatos a presidente tiveram seu momento de céu (a exposição na TV) e de purgatório (a onda de reportagens investigativas em seguida à alta nas pesquisas). Ciro Gomes (PPS) passa agora pela sua provação.
É impossível saber como o candidato do ex-partido comunista vai se sair. Todos os anteriores perderam algo. Roseana (PFL) voltou para o Maranhão. Lula (PT) tinha mais de 40% e agora luta para ficar acima de 30%. Serra (PSDB) se esforça para não embolar com Garotinho (PSB).
É lícito imaginar que algum arranhão o candidato do PPS colecionará por causa das acusações que rondam as pessoas do seu entorno.
O ponto é: qual o tamanho do ferimento? Que efeito terá sobre o eleitorado a quase evidente prova de que o ex-coordenador da campanha cirista, José Carlos Martinez, esteve envolvido em negócios ilícitos com PC Farias? Só as pesquisas dos próximos 20 dias darão as respostas.
Mas há alguns sinais. É quase unânime entre observadores privilegiados que Ciro demorou além da conta para agir nesta crise.
A saída de Martinez poderia ter sido cirurgicamente resolvida há, pelo menos, uns dez dias. Era quando as acusações tomavam corpo.
O candidato argumenta ser impossível julgar sem provas. Desculpa ruim. O mínimo que um pretendente ao Palácio do Planalto tem obrigação de saber é das atividades pregressas de seus assessores mais próximos. Não se trata de investigar algo ultra-secreto, mas uma operação quase pública -como mostram os jornais.
Há indicações de que outros integrantes da campanha de Ciro vivam no lusco-fusco entre o legal e o ilegal. Se o candidato demorar para remover essa gente, chegará enfraquecido ao dia da eleição. Pelo menos com chances menores do que as atuais.



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