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CARLOS HEITOR CONY
2019
RIO DE JANEIRO - George Orwell, ao
escrever "1984", prevendo a sociedade gerida pelo Big Brother, errou por
pouco. Tivemos realmente o Big Brother formalizado e badalado num
programa de TV.
Com os celulares, as escutas telefônicas e as gravações clandestinas, os
satélites, a câmara de vídeo embutida na unha do polegar, com a descoberta do DNA e de outras alucinações
tecnológicas, não estamos longe da
sociedade descrita em seu romance.
Se eu tivesse engenho e tempo, escreveria um livro com o título "2019".
Por que esse ano? Cálculo de algum
astrólogo ou palpite infeliz de um
cronista também infeliz?
Nada disso. Cientistas internacionais de grande responsabilidade garantem que, em 2019, um asteróide
gigantesco, com mais de três quilômetros de diâmetro, se chocará com a
Terra numa velocidade tal e tanta
que nada sobrará de nós, outros, dos
peixes, das borboletas, das cascatas
mil e da imortalidade da Academia.
Se dois aviõezinhos a 690 km por
hora fizeram aquele estrago federal
no World Trade Center, o que será da
Terra ao sofrer o impacto de uma rocha incandescente, dez vezes maior
que o Pão de Açúcar, a uma velocidade de 97.000 km por hora?
Não sei se estarei vivo para assistir
a evento tão interessante. Mas imagino como as coisas se passarão. Flash
Gordon estava num avião pré-histórico no início dos anos 30 quando um
asteróide vagabundo ia se chocar
com a Terra.
Graças ao genial desenhista Alex
Raymond, ele conseguiu nos salvar
-com a ajuda da Dale Arden, que
tanto trabalho deu às mãos dos adolescentes daquele tempo.
Não temos um Flash Gordon que
nos salve, embora não nos faltem Dales Ardens até que mais apetitosas.
Mas a grande vantagem de tudo isso
é que ficaríamos livres para sempre
do Big Brother.
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