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DE VOLTA À MESA
Depois de uma série de desentendimentos, que levou à paralisação das negociações, os 147 países-membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) conseguiram, no fim de semana, chegar a um
acordo mínimo para dar prosseguimento às conversações sobre liberalização comercial. O documento
aprovado foi considerado satisfatório pela diplomacia brasileira por
contemplar as principais reivindicações do chamado G20, o grupo de
países em desenvolvimento do qual
o Brasil é um dos líderes.
Como se sabe, o grande nó das negociações tem sido a resistência dos
Estados Unidos e da União Européia
(UE) em desmontar a estrutura protecionista que favorece seus produtos agrícolas. Uma dura batalha vem
sendo travada pelo Brasil e seus aliados com vistas a incluir a agricultura
entre os setores a serem liberalizados
-sem o que as negociações tendem
a favorecer as economias desenvolvidas, mais poderosas e competitivas
nas áreas de indústria e serviços.
O entendimento a que se chegou
em Genebra prevê o corte de subvenções aos produtores e a eliminação
dos subsídios às exportações agrícolas, além de impor limites à quantidade de produtos que poderão ser
considerados "sensíveis" e merecer
tratamento diferenciado.
A aprovação do documento, no entanto, não significa que os problemas terminaram. Ao contrário, como observou o ministro do Comércio da Holanda, Laurens Jan Brinkhorst, "o show ainda está longe do
fim". O encontro de Genebra serviu
para destravar as conversações e estabelecer consensos sobre princípios
gerais. Falta o mais difícil, que é o desenho final das medidas e o cronograma para que entrem em vigor.
A tarefa não é simples. Exigirá firmeza e persistência dos negociadores brasileiros, que, apesar de pressões para mostrar mais flexibilidade
em relação aos países ricos, têm conseguido, até aqui, sair-se bem, num
processo cujas perspectivas e conseqüências são de longo prazo.
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